domingo, 2 de novembro de 2014

COMO SEGUIR JESUS? Lc 14,25-33 - 05.11.2014


HOMILIA

No Evangelho de hoje, Lucas nos apresenta um Jesus acompanhado por grandes multidões. À vista disso Ele, dirige-se às multidões determina quais são as verdadeiras características dos que realmente se tornam seus discípulos. Não basta seguir o mestre é preciso saber que o discipulado é coisa séria. É o chamado universal ao seu seguimento. Muitos se aproximam dele movidos por um misto de curiosidade e esperança. Ele quer que todos estejam conscientes do compromisso a que são chamados. O seguimento de Jesus diferencia-se da observância da Lei, no judaísmo, ou da prática de sábios conselhos deixados por líderes religiosos. Como era clássico na moral semita, Jesus nomeia um por um os casos em que ele deve ser preferido e pela ordem em que eles deviam ser considerados ou amados segundo a lei e a tradição: Pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs. Discípulo significava todo aquele que seguia a vida e as instruções do mestre de forma contínua. Moravam juntos e participavam das mesmas idéias e comidas. O discípulo era uma réplica do mestre. A primeira qualidade dos mesmos é preferir Jesus a todos os parentes. Segui-lo é unir-se em comunidades vivas e fraternas, como uma nova família. É ter a coragem de enfrentar o desprezo e a repressão da sociedade submissa à ideologia de status e poder. É o dom da própria vida, para comunicar a vida ao mundo, entrando-se em comunhão de vida eterna com Deus.
Devemos, pois entender que Jesus exige prioridade respeito a parentes, seja qualquer o degrau dos mesmos, prioridade que unicamente no AT era atribuída a Deus. A melhor interpretação desta passagem a temos em Mt 10, 37: Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. Lucas, como vemos, acrescenta esposa, pois não podemos esquecer que ele escreve para gentios em que a esposa contava como parte importante da vida.

Jesus exige abandonar não unicamente os planos pecaminosos do pecado, mas também os projetos bons e lucrativos da vida em particular. Tudo estará subordinado a Ele, como estavam no A T as coisas e os seres dependentes de Javé-Deus. Lucas em lugar paralelo exige a negação a si mesmo: não tanto negação ao pecado como aos projetos e planos próprios, legítimos desde a liberdade do ser humano. Todo o amor é portador de eternidade; mas nenhum amor é autêntico se prefere aquilo que se goza no tempo ao que é único e eterno.

Jesus não pede ser morto na cruz, mas carregar a mesma. Quando falam os evangelistas da cruz expressam com duas palavras o fato de suportar o peso dela no caminho do suplício. A cruz era o suplício mais atroz dos tempos de Jesus entre os romanos, segundo testemunho de Cícero; e, além disso, o crucificado era segundo Dt 21, 23, maldito por lei: o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus, que Paulo cita em Gl 3, 13: Cristo nos resgatou da maldição da Lei fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.

Se alguém quer vir após mim (...) tome a sua cruz cada dia e siga-me. Jesus está pedindo o impossível: a destruição do próprio ego. Tudo soa como aquilo de amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, etc.

As parábolas explicam as dificuldades e inconvenientes que levarão muitos a abandonar o caminho empreendido. Por isso devemos enfrentar o nosso discipulado com a intenção de total e absoluta renúncia a todo o que possuímos. É um esquecer definitivo uma renúncia absoluta a todos os bens. Isso é que determina e fixa o verdadeiro discípulo. Como conclusão distaremos três pontos:

1 - O discipulado de Cristo é um chamado a todos. Mas unicamente serão verdadeiros discípulos os que estejam dispostos a uma renúncia total a começar por si mesmos, que é notada externamente pela pobreza de uma opção aparentemente irracional. Discípulo de um Mestre que teve uma cruz como fim e uma vida em que o sofrimento era parte essencial, especialmente o sofrimento da incompreensão e perseguição.

2 - A cruz não é unicamente um símbolo de quem sofreu por nós, mas uma opção necessária que deve dirigir nossas vidas de discípulos de Cristo. Não existe um cristianismo light em que a humilhação, o escárnio e o sofrimento possam ser referidos unicamente ao Senhor. Os discípulos devem como Ele pediu aos filhos do Zebedeu, optar por beber o cálice amargo de sua paixão.

3 - Seguir Jesus é continuar o projeto do Pai, experimentando um clima novo em relação com as pessoas, as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e responsabilidade a condição humana sem superficialismos, conveniências ou egoísmos. Decidir-se por uma humanidade que Jesus adotou como modelo, em que a renúncia a si mesmo é a base da entrega a Deus e ao próximo.

Abenção de Deus para ti
PE. BANTU

Fonte Padre BANTU SAYLA

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