domingo, 31 de julho de 2016

SOCORRO, SENHOR! Mt 14,22-36 - 01.08.2016

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HOMILIA

Jesus manda os discípulos para o outro lado do mar, enquanto ele próprio despediria as multidões. O destaque no evangelho de hoje vai para o barco agitado pelas ondas e pelo vento. Numa primeira fase, o “barco” simboliza a Igreja, já em processo de institucionalização na década de 80 do primeiro século do Cristianismo, quando Mateus escreve seu evangelho. Em segundo lugar simboliza a sua vida quando chega o momento das tentações e problemas de vários tipos.

Quando Jesus se aproxima, caminhando sobre as águas, Mateus narra também a caminhada de Pedro, que a tradição passou a cultuar como figura proeminente na Igreja. A vacilação de Pedro ao andar sobre as águas, entre a fé e a dúvida, induz as comunidades a compreenderem a importância de uma fé firme e decidida em Cristo como o tudo em todas as circunstâncias. Quem nos faz saber isso é Mateus que termina com a proclamação messiânica dos discípulos: “Verdadeiramente, tu és Filho de Deus”. A afirmação do messianismo de Jesus é uma forte característica de Mateus.

As comunidades de discípulos, ao longo da história, passam por tribulações sofrendo repressões. Pode-se chegar ao desânimo, com o sentimento de abandono por parte de Deus. Se assim acontecer, submerge-se no oceano do mundo dominado pelos poderes fundados sobre as riquezas acumuladas, que desprezam a vida dos pobres e pequeninos.

Contudo Jesus está presente. Não há o que temer, pois Jesus é a fonte da vida e a luz para o nosso caminho, e é a força propulsora da nova criação, do mundo novo possível.

Desse modo, percebe-se, na primeira leitura, que nem sempre Deus se manifesta da forma que tradicionalmente nos acostumamos a buscá-lo; e, na segunda, pode-se ver o apóstolo Paulo preocupado com a situação da comunidade. Preocupações dissipadas quando identificamos no evangelho, que as dificuldades da vida não podem afogar uma comunidade fundamentada na palavra de Deus e na fé no Cristo Ressuscitado.

Por que tanto medo? Jesus está conosco! Enquanto Jesus reza no monte, a barca dos discípulos está velejando no lago de Genesaré (Mt 14,22-23). Jesus os tinha obrigado a ir para o “outro lado”, isto é, para a terra dos pagãos. Para quê? Certamente para ensinar aos outros povos que a partilha é que constrói uma sociedade nova. Mas sair de casa para ir até os outros não é coisa fácil. O mar agitado, cheio de ventos fortes e ondas. O que significa isso? Significa a resistência dos discípulos, e a resistência de todos nós em compreender que o projeto de Deus é para todos, e não apenas para nós.

Jesus, em alta madrugada, vai até os discípulos, andando sobre a água. Ora, isso era prerrogativa de Deus (veja o livro de Jó 9,8). Os discípulos pensam que Jesus é um fantasma, e gritam de medo. Jesus, porém, os tranqüiliza, dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo”. Este é o modo como Deus sempre tranqüiliza os homens. E o “sou eu” lembra imediatamente o Deus do êxodo, que se revelou a Moisés como sendo o “Eu Sou”. Tudo isso mostra que os discípulos ainda não cresceram na fé.

Pedro, o líder dos discípulos e futuro chefe de todas as comunidades, faz um desafio: ir até Jesus, andando como ele sobre as águas, isto é, participando da sua divindade. Perigo. Para isso é preciso fé grande, entrega total. O que não acontece, pois Pedro teme, duvida, e começa a afundar.

O que Jesus diz vale para todos nós: “Homem fraco na fé, por que você duvidou?” Também nós duvidamos quando as coisas ficam difíceis e os ventos se tornam contrários, prova de que ainda não confiamos em Deus e no seu projeto. O vento cessa logo que Jesus entra na barca. Por quê? Dizem que no olho do furacão reina completa paz. Com Jesus em nosso meio estamos no olho do furacão: ao redor tudo gira e ameaça, mas nós permanecemos calmos, certos de que o projeto de Deus, realizado por Jesus, é e sempre será vitorioso. E, reconhecendo isso, vem a grande confissão dos discípulos e da comunidade cristã: “De fato, tu és o Filho de Deus”. Uma confissão de fé que nos faz acreditar em nós mesmos: em nossa vocação e nossa capacidade de amar, servir e partilhar, pois também nós, pelo Batismo, fomos feitos filhos de Deus. Não temamos. Também podemos andar pelas águas agitadas do mundo, sem medo de afundar porque Jesus está por perto. Basta na hora mais difícil gritarmos como Pedro: SOCORRO, SENHOR!
Fonte Canção Nova

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PAI, PRESERVA-ME DO APEGO AOS BENS TERRENOS Lc 12,13-21 - 31.07.2016

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HOMILIA

O episódio narrado no evangelho de hoje só se encontra no Evangelho de Lucas e não tem paralelo nos outros evangelhos. Ele faz parte da longa descrição da viagem de Jesus, desde a Galileia até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), na qual Lucas colocou a maior parte das informações que ele conseguiu coletar a respeito de Jesus e que não se encontram nos outros três evangelhos (cf. Lc 1,2-3). O evangelho de hoje traz a resposta de Jesus à pessoa que lhe pediu para ser mediador na repartição de uma herança.

O que está por trás do texto? Uma ideia do que está por trás do texto ajuda a entender a posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade ou dois modelos econômicos: o do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, através da solidariedade, da troca de produtos, etc. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e que tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos. O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso naturalmente é fonte de exclusão e marginalidade. Isso gera mendicância, violência, roubo, etc. Sem dúvida o texto de hoje reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os que possuem riquezas.

Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.” Ontem como hoje, a distribuição da herança entre os familiares sobreviventes é sempre uma questão delicada e, muitas vezes, ocasião de brigas e tensões sem fim. Naquele tempo, a herança tinha a ver também com a identidade das pessoas (1Rs 21,1-3) e com a sua sobrevivência (Nm 27,1-11; 36,1-12). O problema maior era a distribuição das terras entre os filhos do falecido pai. Sendo a família grande, havia o perigo de a herança se esfacelar em pequenos pedaços de terra que já não poderiam garantir a sobrevivência de todos. Por isso, para evitar o esfacelamento ou desintegração da herança e manter vivo o nome da família, o mais velho recebia o dobro dos outros filhos (Dt 21,17. cf. 2Rs 2,11).

Jesus respondeu: “Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?” Na resposta de Jesus transparece a consciência que ele tinha da sua missão. Jesus não se sente enviado por Deus para atender ao pedido de arbitrar entre os parentes que brigam entre si por causa da repartição da herança. Mas o pedido do homem despertou nele a missão de orientar as pessoas, pois “ele falou a todos: Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” Fazia parte da sua missão esclarecer as pessoas a respeito do sentido da vida. O valor de uma vida não consiste em ter muitas coisas mas sim em ser rico para Deus (Lc 12,21). Pois, quando a ganância toma conta do coração, não há como repartir a herança com equidade e paz.

Em seguida, Jesus conta uma parábola para ajudar as pessoas a refletir sobre o sentido da vida: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. E o homem pensou: O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita.” O homem rico está totalmente fechado dentro da preocupação com os seus bens que aumentaram de repente por causa de uma colheita abundante. Ele só pensa em acumular para garantir uma vida despreocupada. Ele diz: “Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!”

“Mas Deus lhe disse: Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” A morte é uma chave importante para redescobrir o sentido verdadeiro da vida. Ela relativiza tudo, pois mostra o que perece e o que permanece. Quem só busca o ter e esquece o ser perde tudo na hora da morte. Aqui transparece um pensamento muito frequente nos livros sapienciais: para que acumular bens nesta vida, se você não sabe para quem vão ficar os bens que você acumulou, nem sabe o que vai fazer o herdeiro com aquilo que você deixou para ele? (Ecl 2,12.18-19.21)

“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus.” Como tornar-se rico para Deus? Jesus deu várias sugestões e conselhos: quem quer ser o primeiro, seja o último; é melhor dar que receber (At 20,35); o maior é o menor; preserva vida quem perde a vida.

A posição de Jesus está clara na sua exortação e na parábola que contou. Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém. A parábola é um monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar. Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres; é profundamente ganancioso e egoísta. Jesus chama-o de insensato, e afirma sua morte naquela mesma noite. Isso significa que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo que você tem nos celeiros, e ela o livrará de qualquer desgraça.”

Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam insensível às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um caminho de salvação.
Fonte Canção Nova

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JESUS E A TRADIÇÃO DOS JUDEUS Mc 7,1-8.14-15.21-23 - 30.07.2016

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HOMILIA

Jesus se encontrava no meio de conflitos que a sua prática provocava. Então os chefes dos judeus enviam uma delegação para investigar e “bisbilhotar” a vida pessoal de Jesus. A intenção dos fariseus e doutores da Lei era ver se ele transgredia a Lei e a tradição, ou seja, se transgredia a Torá e as inúmeras prescrições orais, pois ambas tinham o mesmo valor, visto que provinham de Deus, e mexer no aparato legal era opor-se a Deus ou querer igualar-se a Ele. O problema em discussão era sobre o lavar ou não as mãos conforme Levítico 15,11. Quem não lavava as mãos antes de comer desrespeitava as tradições, pois tudo o que era comprado no mercado devia ser purificado na hipótese de ter sido contagiado por uma pessoa ritualmente impura. Antes fosse assim, para evitar doenças como a gripe suína em nossos dias. Mas não. A tradição judaica tinha barreiras e preconceitos em relação aos pagãos, que eram suspeitos de impureza. E, por falta de lógica divina nestes rituais, Jesus quebra a barreira citando Isaías 29,13 e chamando os doutores da Lei de hipócritas. A resposta de Jesus é abrangente, descaracterizando o mérito das leis de pureza e das demais tradições opressoras. Dirige-se à multidão e pede que ouça e entenda. E explica que a impureza não está nos objetos e nas pessoas, mas é uma conseqüência das opções de vida das pessoas, e vem do coração. Logo em seguida faz uma lista do que traz a verdadeira impureza para os homens e as mulheres: más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e falta de juízo.

No evangelho de hoje, somos convidados a tomar consciência de que algumas práticas sobre a higiene são importantes, mas não mudam a natureza do homem. Veja por exemplo: hoje cães e gatos são tratados com todas as normas de higiene, vão aos salões de beleza, são levados aos parques de diversão e…, mas não mudam de natureza. Não é o shampoo ou o desodorante que purifica o homem, como apregoava o costume farisaico e a publicidade comercial ou o mundo capitalista. Ter mãos limpas não significa ter um coração limpo, um grande sorriso pode muito bem esconder uma antipatia. Palavras bonitas muitas vezes buscam somente reconhecimento e aplausos. A maioria dos nossos políticos tem uma linguagem cheia de demagogia, que não expressa o que sentem e fazem. É preciso que acolhamos com muita gratidão as palavras da exortação de Tiago. Não basta só ouvir a Palavra do Senhor, mas é fundamental colocá-la em prática, para não nos iludirmos e deixarmos a Palavra correr em nossas veias. A hipocrisia estava em apenas ouvir a Palavra e não praticá-la: “um povo que louva a Deus com os lábios, mas tem o coração distante Dele”. Jesus denuncia a manipulação da Palavra de Deus pelos fariseus e afasta o formalismo exterior da religião judaica. Não vai contra a Lei de Moisés nem contra a tradição autêntica, mas denuncia a hipocrisia. De fato, os fariseus denunciam os discípulos porque não lavam as mãos antes das refeições, segundo uma tradição rabínica do Talmude.

As abluções não existiam por simples motivos higiênicos, mas porque eram símbolos da pureza moral, necessária para se aproximar de Deus. Porém, os fariseus viam somente o lado externo da aproximação de Deus, não levando em consideração o Salmo 23,3-4: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará em seu lugar? Quem tem mãos inocentes e coração puro”. A pureza de coração era a condição para participar do culto e ver o rosto de Deus. A pureza deve começar pelo coração, como afirma o Salmo 23, pois é dele que procedem as coisas más.

O coração do homem continua sentindo os mesmos impulsos de impureza, como egoísmo, intenções desvirtuadas, a degradação do amor humano e uma avalanche de impureza e sensualidade. Hoje campeia, sobretudo, a obscenidade. Obsceno é uma palavra que vem do antigo texto grego e romano e significava aquilo que, por respeito aos espectadores, não devia ser representado em cena por pertencer à intimidade pessoal. Mesmo aquela civilização pagã, que tinha normas morais relaxadas, entendia que certas coisas não deviam ser feitas diante de outras pessoas.

Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior, quando a que te agrada é a que provém do meu interior.
Fonte Canção Nova

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quinta-feira, 28 de julho de 2016

O trabalho deve estar unido à vida de oração - Jo 11,19-27 - 29.07.2016

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HOMILIA

Ao celebrarmos hoje o Dia de Santa Marta, a mulher do trabalho, queremos pedir a Deus a graça de trabalhar sem nos esquecermos de contemplar e orar.

“Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa” (Lucas 10, 38).

A liturgia nos dá a graça de celebrarmos hoje a festa de Santa Marta, a irmã de Maria e de Lázaro. Marta, a hospedeira de Deus, a mulher que tem o dom da acolhida, a mulher laboriosa, do trabalho. Vemos Jesus a comparando à sua irmã, Maria, porque, ao chegar à casa de Marta, Ele é acolhido com muito amor por ela, pois Ele é de casa. E Maria vai aos pés de Jesus dar atenção ao Senhor e Marta dá atenção a Ele de outro modo, cuidando da casa, da refeição, da comidinha para que Jesus se sinta bem também.

Marta reclama ao Senhor: “Peça para que minha irmã venha aqui trabalhar comigo, adiantar o serviço. O Senhor responde: “Marta, Marta estas inquieta, preocupada com muitas coisas. Maria escolheu a melhor parte e esta jamais lhe será tirada“.

Maria escolheu a parte da contemplação; Marta escolheu a parte da ação, do trabalho. Não é que as duas coisas sejam contrapostas ou opostas uma a outra; é que uma depende da outra. Não adianta vivermos só contemplando, rezando e meditando se não colocamos em prática aquilo que nós tanto meditamos e contemplamos e não trabalhamos com as nossas próprias mãos para construir um mundo novo e para ganhar o pão de cada dia para o nosso sustento.

Até as irmãs contemplativas no seu mosteiro, no seu carmelo, trabalham com as próprias mãos para fazer o Reino de Deus acontecer. Mas não adianta só trabalhar, não adianta simplesmente correr, labutar, levar uma vida frenética que, muitas vezes, nos deixa estressados, cansados e fadigados na vida, se não tivermos tempo para repousar o coração em Deus, para a contemplação, para a meditação, para a reflexão e para a busca do nosso interior.

Ao celebrarmos hoje o dia de Santa Marta, a mulher do trabalho, queremos pedir a Deus que nos dê o dom de saber trabalhar sem nos esquecermos de O contemplar. Que Deus nos dê mãos para edificar o Seu Reino, para trabalharmos numa vida justa, mas sem nos esquecermos de levar o nosso coração a Ele, sem nos esquecermos de priorizar a oração, de preencher o nosso trabalho e as nossas ocupações com a presença divina.

Que, ao longo do nosso dia, por mais que estejamos trabalhando com Deus e para Ele, tenhamos um tempo e um canto para estar aos pés do Mestre, servindo-O, escutando-O e deixando que Ele fale ao nosso coração e direcione a nossa vida e nos mostre o caminho que devemos seguir a cada dia!

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte Canção Nova

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

O NOSSO FUTURO Mt 13,47-53 - 28.07.2016

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HOMILIA

Com esta parábola da rede lançada ao mar, Mateus encerra sua coletânea de dez parábolas apresentadas como um discurso de Jesus. Há bastante semelhança com a explicação da parábola do trigo e do joio. Esta curta parábola da rede refere-se ao juízo final, conforme a breve explicação que a segue. Os pescadores que separam os bons dos maus certamente não são os evangelizadores, mas os anjos, no fim do mundo, sob o critério de Deus. “Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.”

Para aqueles e aquelas que afirmam que o inferno é aqui mesmo, aí está a afirmação de Jesus. O inferno existe. E se somos cristãos, temos de acreditar nas palavras de Jesus, e procurar seguir os seus ensinamentos. Ontem Jesus nos falou da ressurreição, hoje nos fala do inferno e da vida eterna. E tudo isso não foi inventado pela Igreja como alguns pensam. É o próprio Jesus que nos anuncia. E a vida eterna ou “reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.”

O nosso futuro está sendo traçado nos passos que estamos dando agora. Ou seja, o que acontecerá naquele dia do juízo final, depende do que estamos fazendo ou deixando de fazer neste instante e nos instantes seguintes da nossa vida. Será muito bom para a nossa alma se fizermos parte daqueles considerados bons. Por isso vamos fazer o possível e o impossível para não sermos jogados fora, porque “assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos”

Reparou que esta parábola é bem parecida com a explicação da parábola do trigo e do joio? Trata-se, portanto, de uma parábola do gênero escatológico-apocalíptico do judaísmo no tempo de Jesus. É exclusiva do autor deste Evangelho, e a expressão “choro e ranger de dentes” é a referência direta ao inferno. A referência final ao escriba pode ser uma auto-apresentação do evangelista como sendo este escriba que se tornou discípulo merecedor da vida eterna ou do Reino de Deus.

No reino de Deus, como diz Jesus, as coisas velhas se confundem com as novas e só um perito espiritual poderá nos ajudar a fazer o discernimento. Dentro de nós há o velho e o novo, o bom e o ruim. A “cirurgia plástica” da nossa alma só quem pode realizar é o Espírito Santo. Deus Pai que é o Oleiro é quem poderá nos ajudar pelo poder do Seu Espírito a despojar-nos de tudo que é inútil e está apodrecendo dentro de nós. Só Ele tem o poder de fazer valer em nós, os sentimentos que são oriundos do Seu coração e nos trazem a felicidade, a concórdia e o amor. Por isso, o reino de Deus requer de nós paciência e esmero a fim de que, gradualmente, possamos deixar com que o Senhor nos transforme no modelo que Ele projetou para nós. Precisamos, então, ter consciência de que antes que chegue o fim dos tempos nós poderemos nos deixar esclarecer pelo Espírito que há em nós. Reflita – Você tem buscado o auxílio de Deus para suas dificuldades? – Você percebe as coisas boas e más que estão dentro do seu coração? – Você acha que Deus tem poder para transformar você num vaso novo?

Pai, concede-me suficiente realismo para perceber que teu Reino se constrói em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes garantir o sucesso final.
Fonte Canção Nova

terça-feira, 26 de julho de 2016

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida - Mt 13, 44-46 - 27.07.2016

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HOMILIA

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida! Encontre este tesouro precioso que se chama Jesus. Ele dará o sentido, o sabor, o valor e o gosto que a sua vida tanto precisa e merece.

“O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mateus 13, 45-46).

Ao meditar sobre a riqueza e sobre o significado do Reino de Deus em nossa vida, hoje, mais uma vez Jesus mostra-nos qual é o verdadeiro tesouro, porque o Reino dos Céus é um tesouro escondido no campo, é um tesouro que existe, mas não está aí para todo mundo ver ou achar. Ele precisa ser procurado e lapidado; precisamos nos esforçar para encontrar os tesouros escondidos no Reino dos Céus.

Quão precioso é um tesouro escondido, valoroso, de mais valor e importância do que qualquer outro tesouro! Quando alguém procura pérolas, e existem pérolas de vários valores e qualidades, e encontra uma pérola preciosíssima como nenhuma outra, essa pessoa deixa as outras pérolas para cuidar desta pérola preciosa que encontrou. Você vende seus bens e tudo o que você tem para ter aquela única pérola (cf. Mt 13, 45-46).

Nós vivemos a vida inteira em busca de uma “pérola”, em busca de um “tesouro”, ou seja, em busca de um sentido para a nossa vida, uma razão para a nossa existência. Algo que realmente possa nos preencher e dar sabor à nossa vida. Muitas vezes, nós nos enganamos, nos iludimos e vamos por caminhos errados; achamos que os bens e que os tesouros deste mundo dão sentido e valor à nossa vida. Outras vezes, paramos em pessoas e em situações e não descobrimos o tesouro essencial.

Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida! Quem se encontra com Jesus, quem O descobre, quem entra no tesouro precioso, que é o Coração de Jesus, encontra a sua razão de viver. Assim como os apóstolos um dia encontraram o Senhor e tudo deixaram por Ele, quando nós encontramos Jesus deixamos de confiar em outras coisas e deixamos de colocar o nosso coração em outros valores que não são os valores do Reino de Deus.

Permita que o Reino de Deus entre em você, permita ser invadido por esse Reino, por essa pérola preciosa para que ela realmente dê sentido, sabor e valor à sua vida. A alegria que toma conta de um coração que se despoja por Deus, a alegria que toma conta de um homem e de uma mulher que fazem de Jesus o seu tesouro é única, é uma alegria indescritível, que não merece comparação.

Deixe-me dizer a você: Encontre este tesouro precioso que se chama Jesus. Ele dará o sentido, o sabor, o valor e o gosto que a sua vida tanto precisa e merece.

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte Canção Nova

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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Que São Joaquim e Sant'Ana intercedam por nossos avós - Mt 13, 16-17 - 26.07.2016

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HOMILIA

Valorize, incentive, busque conviver e reconhecer a importância que seus avós têm para a sua história e para a sua vida.

“Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações” (Eclo 44, 1).

Amados e amadas no Senhor Jesus Cristo, recordamos hoje Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus e os pais da Bem-aventurada e sempre Virgem Maria. Queremos olhar para Sant’Ana e São Joaquim a fim de reconhecermos a importância dos nossos antepassados na fé, nos valores e nos princípios que nós temos para a nossa vida.

Quando celebramos hoje o vovô e a vovó de Jesus, nós também celebramos os nossos avós. Que grande importância eles tiveram na vida de cada um de nós! E também as várias gerações anteriores, os bisavós, os tataravós e todos aqueles que vieram antes de nós têm grande importância em tudo o que nós somos hoje.

Nós queremos hoje reconhecer a importância e o valor que os mais idosos têm e, o melhor modo de fazer isso é ao rejeitar a cultura do descartável. Porque essa cultura é terrível por procurar descartar as pessoas quando elas não têm mais utilidade. Segundo a qual o importante é aquilo que é útil e aquilo que produz; e deixa de reconhecer aqueles que muito produziram, deram muito de si, trabalharam para construir a família, para edificar a nação e que são, na verdade, nossos pais na fé. Eu louvo e agradeço muito a Deus, mesmo sem ter convivido muito com os meus avós, porque sei que foram eles que ensinaram muito à mamãe os verdadeiros valores evangélicos, que foram transmitidos a mim, porque ela os aprendeu deles.

Quero hoje olhar para cada homem, para cada mulher porque, muitas vezes, o vovô e a vovó são idosos, mas hoje quantos casais jovens já são vovô e vovó porque se casaram cedo. Valorize, incentive, busque conviver, estar junto e reconhecer a importância que eles têm para a sua história e para a sua vida. Nunca olhe para eles como coitados ou dignos de pena. Coitados e dignos de pena seremos nós se não soubermos cuidar e amar aqueles que deram o melhor de si para sermos o que somos hoje!

Deus abençoe a cada vovô e cada vovó pela intercessão e proteção de São Joaquim e Sant’Ana!


Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte Canção Nova

domingo, 24 de julho de 2016

O PEDIDO AMBICIOSO DE UMA MÃE Mt 20,20-28 - 25.07.2016

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HOMILIA

O pedido da mãe pelo primeiro lugar para os filhos. Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem de Jesus, mas continuam com suas ambições pessoais. Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação, eles teimavam em pedir os primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago e João, levando consigo os dois filhos, chega perto de Jesus e pede um lugar na glória do Reino para os dois filhos, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade dos discípulos. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma recompensa pelo fato de seguir a Jesus. Ante o pedido ambicioso da mãe dos garotos, Jesus reage com firmeza: Vocês não sabem o que estão pedindo! E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento. Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz. Entre vocês não seja assim. Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder. Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam. O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos! Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal.

Jesus define a sua missão e a sua vida: “Não vim para ser servido, mas para servir!” Veio dar sua vida em resgate para muitos. Ele é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.

O pedido ambicioso da mãe para os dois filhos, e a explosão irritada dos outros dez, deram ensejo ao Senhor para expor uma das lições mais belas do Evangelho: o espírito de serviço. Não podemos comparar-nos, para ver se um é mais do que o outro; não nos devemos deixar arrastar pela inveja e uma competitividade vaidosa; pelo contrário, a nossa ambição deve ser dar-se totalmente e servir, por amor, como Jesus faz. Aí encontraremos a felicidade. Porque é dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna. Hoje, quais têm sido as suas ambições? Sugiro que peças somente o necessário para ser feliz. E este consiste em contemplar o Rosto misericordioso de Deus.

Pai, transforma-me em servidor de meus semelhantes, fazendo-me sempre pronto a doar minha vida para que o teu amor chegue até eles.
Fonte Canção Nova

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Homilia do Mons. José Maria – XVII Domingo do Tempo Comum (Ano C) - 24.07.2016

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HOMILIA

O Poder da Oração

A oração constitui um dos elementos essenciais da vida cristã e do seguimento de Cristo.

Na primeira leitura (Gn 18, 20-32) aparece a comovente e atrevida oração de Abraão, em favor das cidades pecadoras, expressão magnífica da sua confiança em Deus e da sua solicitude pela salvação dos outros. Deus revelou-lhe o Seu desígnio de destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, pervertidas ao máximo, e o patriarca procura deter o castigo, em atenção aos justos que, possivelmente, poderia haver entre os pecadores.

O Evangelho (Lc 11, 1-13) retoma o tema da oração. Jesus, solicitado pelos seus discípulos, ensina-os a orar: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino” (Lc 11, 2). O cristão, autorizado por Jesus, chama a Deus de Pai, nome que dá à oração uma atitude filial, que pode derramar o seu coração no coração de Deus, apresentando-Lhe as suas necessidades, de maneira simples e espontânea, como indica o Pai-nosso.

Com a parábola do amigo importuno Jesus ensina a orar com perseverança e insistência, como fez Abraão, sem temer a ser indiscretos: “Pedi, procurai, batei”. Não há horas inconvenientes para Deus. Nunca se aborrece da oração humilde e confiada dos Seus filhos, mas antes se compraz com ela: “Todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á” (Lc 11, 10). E, mesmo que o homem nem sempre obtenha aquilo que pede, é certo que a sua oração não é em vão, pois o Pai celeste responde sempre com o Seu amor e a seu favor, embora de uma maneira oculta e diferente da que o homem espera. O mais importante não é obter isto ou aquilo, mas sim, que nunca lhe falte a graça de ser cada dia fiel a Deus. Esta graça está garantida ao que ora sem cessar: “Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que O pedirem” (Lc 11, 13). No dom do Espírito Santo, estão incluídos todos os bens que Deus quer conceder aos Seus filhos.

Jesus retirava-se para rezar, com freqüência! E um dia, ao terminar a sua oração, disse-lhe um de seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar… É o que nós temos de pedir também: Jesus, ensina-me de que modo relacionar-me contigo, diz-me como e que coisas devo pedir-te…Pois, se Jesus foi um homem orante, também os cristãos são chamados a serem homens e mulheres orantes. Para que possam transformar toda a sua vida numa comunhão profunda com Deus, importa dedicar espaços de tempo explicitamente ao exercício da oração. Sem dúvida a oração constitui uma profunda experiência pascal. Daí cuidarmos da vida de oração, pois a oração é o grande recurso que no resta para sair do pecado, perseverar na graça, mover o coração de Deus e atrair sobre nós toda a sorte de bênçãos do céu, quer para a alma, quer pelo que respeita às nossas necessidades temporais.

Aos jovens ensinava São João Paulo II: “É preciso reconhecer humilde e realmente que somos pobres criaturas com idéias confusas, frágeis e débeis, com necessidade contínua de força interior e de consolação. A oração dá força para os grandes ideais, para manter a fé, a caridade, a pureza, a generosidade; a oração dá ânimo para sair da indiferença e da culpa, se por desgraça se cedeu à tentação e à debilidade; a oração dá luz para ver e julgar os acontecimentos da própria vida e da própria história na perspectiva salvífica de Deus e da eternidade. Por isto, não deixeis de orar! Não passe um dia sem que tenhais orado um pouco! A oração é um dever, mas também é uma grande alegria, porque é um diálogo com Deus por meio de Jesus Cristo! Cada domingo a Santa Missa e, se vos é possível, alguma vez também durante a semana; cada dia as orações da manhã e da noite e nos momentos mais oportunos!”

O que devemos pedir e desejar é que se cumpra a vontade de Deus: Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu. E este é sempre o meio de acertar, o melhor caminho que podíamos ter sonhado, pois é o que foi preparado pelo nosso Pai do Céu. “Diz-Lhe: – Senhor, nada quero fora do que Tu quiseres. Não me dês nem mesmo aquilo que te venho pedindo nestes dias, se me afasta um milímetro da tua vontade (S. Josemaria Escrivá, Josemaria Escrivá, Forja, 512).

“Orai sem cessar”, diz-nos S. Paulo. “Não sabes orar? – Põe-te na presença de Deus, e logo que começares a dizer: “Senhor, não sei fazer oração!…”, podes ter certeza de que começaste a fazê-la” (Caminho, 90). Continua S. Josemaria no nº. 101 de Caminho: “Persevera na oração. – Persevera, ainda que o teu esforço pareça estéril. – A oração é sempre fecunda.”



Mons. José Maria Pereira
Fonte http://www.presbiteros.com.br/

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sexta-feira, 22 de julho de 2016

O JOIO - Mt 13,24-30 - 23.07.2016

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HOMILIA

Esta parábola de Mateus contém várias antíteses: o dono do campo e o inimigo; o trigo e o joio; o tempo presente de semeadura/ crescimento e o tempo futuro da colheita, o trigo no celeiro e a queimadura do joio.
Convém que entendamos hoje como a parábola do Joio. O Evangelho nos apresenta uma situação conhecida por todos os agricultores, isso é, joio e trigo crescem juntos. É claro que a meta de todo agricultor é que em sua plantação só existam pés de trigo, contudo, isso não elimina as plantas nativas e consideradas sem interesse produtivo. Ao mencionar esse fato Jesus retoma o cotidiano e as pessoas já começavam a se perguntar o que ou quem seria semelhante ao trigo ou ao joio.
A mistura entre joio e trigo não é ‘natural’, pois o agricultor não plantou joio. Por isso surge a pergunta sobre quem é que fez isso, e o que motivou essa atitude. Existem inimigos, às vezes até mesmo adormecidos dentro de nós, da nossa casa e a divisão que se vê no plantio, pode também refletir as divisões que existem entre nós, nas comunidades e nos grupos aos quais estamos ligados. A realidade da divisão é tão inegável, quanto a existência de Trigo e Joio, simultaneamente, num mesmo campo.
O que fazer nesta situação? Uma parte da comunidade acredita que é fácil saber o que é trigo e o que é joio, por isso a melhor atitude é arrancar e jogar fora o que é ‘praga’. Outros dizem que é muito difícil saber o que é um ou o outro, por isso é preciso esperar pelos frutos, e somente neste momento é que se poderá de fato retirar do campo o que é erva daninha. É curioso que na parábola o poder de fazer este julgamento não está nas mãos da comunidade, mas do Senhor (o dono da terra). De modo bem concreto isso implica em ir vivendo na comunidade em meio a suas contradições, sem nunca perder de vista a opção pela justiça do Reinado dos Céus.
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.

Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

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quinta-feira, 21 de julho de 2016

PORQUE CHORAS, A QUEM PROCURAS? Jo 20,1-2.11-18 - 22.07.2016

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HOMILIA

Os Evangelhos, além da Mãe de Jesus, falam explicitamente de três mulheres de nome Maria: Maria, mãe de Tiago e José (Mc 15,40); Maria, irmã de Marta e Lázaro (Jo 11,1-2) e Maria Madalena da qual foram expulsos sete demônios (Lc 10,38) e finalmente se fala de mais uma mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7,44). Tudo quanto se saiba a partir do Evangelho. Ela é Maria, proveniente de Mágdala, uma cidade muito próspera no tempo de Cristo.

Maria Madalena foi das poucas pessoas que estavam presentes ao pé da Cruz, ao lado da Virgem Maria. Duas mulheres, dois extremos: a Imaculada e uma pecadora pública! Ambas receberam a redenção de Cristo, mas em forma diversa: Maria por antecipação, por força da qual foi concebida imaculada; Madalena, representando a humanidade pecadora, precisou ser lavada pelo sangue do Redentor!

Maria Madalena foi a feliz mulher que, por primeiro, viu o Cristo ressuscitado. Era a manhã de Páscoa. Maria tinha ido ao sepulcro vazio. Andava quase desesperada, achando que alguém tivesse roubado o corpo do Mestre. Vê a certo momento um jardineiro e, angustiada, lhe pergunta: “Se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste”. Jesus a chama pelo nome: “Maria…” A este nome abrem-se-lhe os olhos e exclama: “Rabboni”, isto é, Mestre! Foi então levar a Boa-Nova da Ressurreição aos apóstolos.

A cena comovente do encontro de Maria de Mágdala com Jesus evidencia a mudança de relacionamento entre o discípulo e o Mestre, operada a partir da ressurreição. A nova condição de Jesus exigia um novo tipo de relacionamento.

Maria expressou o carinho que nutria por Jesus nos vários detalhes de seu comportamento. A notícia do desaparecimento do corpo do Senhor deixou-a perplexa. Com isso, perdia um sinal seguro da presença do amigo querido, mesmo reduzido a um cadáver. Sem ele, não teria um lugar preciso ao qual se dirigir quando quisesse prantear a perda irreparável do amigo. Por isso, mesmo que todos tivessem se afastado, ela permaneceu sozinha, à entrada do túmulo, chorando.

Seu diálogo com os anjos ocorreu de maneira espontânea, sem ela se dar conta de estar falando com seres celestes. Só lhe importava saber onde puseram “o meu Senhor”. Da mesma forma aconteceu o diálogo com o Ressuscitado. Num primeiro momento, Maria pensou tratar-se de um jardineiro. Demonstrando uma admirável fortaleza de ânimo mostrou-se disposta a ir, sozinha, buscar o cadáver do Mestre para recolocá-lo no sepulcro. Tão logo reconheceu a voz do Mestre, tentou agarrar-se a ele. Ele, porém, exortou-a a mudar de comportamento. Doravante, o sinal de amizade que o Senhor queria dela era que se tornasse missionária da ressurreição. Já se fora o tempo em que podia tocá-lo fisicamente.

Maria buscava a Jesus morto e queria tocar o Seu corpo inanimado. Desejou permanecer na dor e não percebeu que o túmulo estava vazio porque Jesus estava vivo. Muitas vezes nós também procuramos a Jesus nos lugares errados ou então O imaginamos como um Deus morto, sem vida, ausente da nossa história. Por isso Jesus também nos faz essas duas perguntas básicas: porque choras e a quem procuras! Choramos a nossa falta de fé e de confiança na Sua Palavra e nas Suas promessas. Procuramos Alguém que está muito perto de nós e não O percebemos. Jesus quer ser encontrado vivo e ressuscitado, atuando na nossa vida. Às vezes não entendemos as Suas manifestações para nós e por isso, choramos. Sofremos pela nossa incapacidade de “enxergar” as coisas de Deus. O mundo espiritual está tão perto de nós, e nós somos incapazes de percebê-lo, absortos que estamos em prestar atenção às coisas e as pessoas que nos rodeiam. Confundimos a presença de Jesus com a de outras pessoas. O Senhor está perto, precisamos ter consciência disso. Quando descobrimos esta verdade nós não ficamos parados. Jesus disse a Madalena: “Não me retenhas”! Se percebêssemos a Sua presença viva e ressuscitada e ouvíssemos realmente a sua voz que fala no nosso coração, sairíamos em disparada como fez Maria Madalena a anunciar a todos: “Eu vi o Senhor!” E  você: Já viu o Senhor? – Já teve a experiência do Jesus Ressuscitado? E se já, correu para contá-la a alguém?  Você tem encontrado no caminho, mais mortos ou vivos? Tem percebido a quem o seu coração procura? Abra os teus olhos da fé para que possas enxergá-lo. Pois Ele como à Maria constantemente te dirige à palavra. Porque choras, a quem procuras?

Pai ensina-me a ter um relacionamento conveniente com o Ressuscitado, reconhecendo que ele quer fazer de mim uma testemunha da ressurreição.
Fonte Canção Nova

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quarta-feira, 20 de julho de 2016

A LINGUAGEM DAS PARÁBOLAS Mt 13,10-17 - 21.07.2016

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HOMILIA

Uma das características fundamentais do Mestre é ter e compreender os alvos do seu ministério de ensino. Jesus, o Mestre dos mestres, tinha esta compreensão e sabia que tinha de fazer o Pai conhecido dos homens. Era necessário que se desse atenção especial aos alunos e para que o aluno fosse o elemento mais importante, Jesus tinha que se fazer entendido e compreendido por eles e isto só seria possível se descesse ao nível do aluno, ou seja, se utilizasse um método a que o aluno estivesse acostumado e de elementos que permitissem que o aluno entendesse as verdades espirituais a respeito de Deus. Jesus tinha de usar as parábolas, pois era o método que, ao mesmo tempo, permitiria que todo o povo de Israel, que eram os seus potenciais alunos, pudesse ter real acesso ao conhecimento do Pai, seja pelo fato de que já estavam acostumados a este método de ensino, seja porque a linguagem empregada permitiria uma fácil compreensão de todos quantos quisessem aprender.

Jesus quer que o ensino da sua Palavra se faça de modo claro e acessível a todos os ouvintes, respeitando-se, pois, as condições culturais, educacionais e sociais dos ouvintes. Jesus ensinou por parábolas porque o povo de Israel não poderia ter qualquer desculpa com relação à rejeição do Messias. Ao ensinar por parábolas, Jesus ensinava usando de imagens que todos pudessem compreender. Jesus ensinou por parábolas para mostrar que só não compreende o Evangelho quem não quer. Suas simples palavras podiam ser perfeitamente compreendidas por ouvintes sinceros, e torná-los sábios para a salvação.

Ao ensinar por parábolas, Jesus foi claro, se fazia compreensível a todos, mas esta compreensão exigia, pelo uso do método das parábolas, uma disposição de aprendizado por parte dos ouvintes, uma vontade de um maior aprofundamento, tanto que somente os discípulos, depois de algumas parábolas, demonstravam interesse em aprender as coisas de Deus e, assim, chegavam a pedir ao Senhor que lhes explicasse a parábola de forma mais detalhada. Jesus, assim, tinha o objetivo de mostrar claramente quem tinha e quem não tinha interesse em conhecer o Pai, em outras palavras, quem, realmente, amava a Deus, a ponto de não ser mais chamado servo, mas amigo do Senhor (Jo.15:15).

Jesus se expressava por meio de parábolas, ou seja, estórias inventadas por Ele baseada no dia-a-dia daquele povo. Jesus, sendo Deus, poderia muito bem falar difícil, usando palavras sábias, mas o povo humilde, o camponês, os pastores e criadores de gado, não iriam entender quase nada, ou mesmo nada e, ao contrário, sentindo-se humilhados por aquela forma para eles arrogante de discursar, iriam virar às costas, e sair talvez reclamando, e não voltariam mais para ouvir Jesus. Também nós evangelizadores, por mais estudo que possamos ter, não convém que usemos palavras difíceis nos nossos discursos, mesmo por que o nosso público alvo são os humildes, e entre eles estão muitos que não tiveram como nós, a oportunidade de cursar uma faculdade. Jesus optou pelos pobres, assim também nós, não vamos ignorar os ricos, mas preparemos a nossa mensagem tendo em vista os mais simples da sociedade.

Pai, dobra a dureza do meu coração que me impede de ouvir e compreender a palavra de Teu Filho. Faze-me penetrar nos mistérios do Reino escondido nas parábolas.
Fonte Canção Nova

terça-feira, 19 de julho de 2016

Cultivemos a semente da Palavra de Deus em nosso coração - 20.07.2016

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HOMILIA

Abramos o nosso coração para acolher e para cuidar da semente da Palavra de Deus, que é semeada em nosso coração.

“Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente” (Mateus 13, 8).

Amados irmãos e irmãs no Senhor, que beleza, é sempre uma novidade para nós ouvirmos a parábola do semeador! Ela nos mostra a envergadura e a proporção do Reino de Deus presente no meio de nós. A Palavra de Deus é como uma semente. Deixe-me dizer a você: não despreze a semente, não a ache uma coisa pequena e insignificante. Muito pelo contrário, na semente está toda a árvore em potência; na semente está a potencialidade daquilo que a árvore será depois. Assim como eu não posso desprezar o óvulo, porque ali está toda uma vida humana, está toda a potencialidade de uma vida a ser desenvolvida, eu não posso desprezar a Palavra de Deus que vem em semente ao meu coração.

Somos muito ansiosos, nós desejamos que o fruto venha pronto, crescido e amadurecido, e não temos a paciência de cultivar e de cuidar da semente para que ela cresça e para que ela produza muitos frutos em nossa vida. Então a primeira coisa que é necessária, para isso acontecer, é abrirmos o coração para acolher e para cuidar da semente da Palavra de Deus que é jogada em nosso coração.

Eu estou semeando essa boa semente agora em seu coração, a qual você escuta [semente] quando se abre à Palavra de Deus, quando você escuta essa mesma Palavra na pregação, na homilia da Santa Missa e no grupo de oração.

Cabe a mim e a você, cabe a cada um de nós cuidarmos da boa semente que é jogada em nosso coração. Essa semente pode produzir muitos frutos e frutos abundantes –  trinta, sessenta ou cem por um fruto. Mas ela não vai produzir frutos se primeiro os pássaros da distração (e quantas são as distrações que nos tiram da concentração, do essencial e que vêm roubar a força da Palavra de Deus em nós!), e se somos roubados por elas [distrações], precisamos cuidar para não sermos como aquele terreno pedregoso que não tinha profundidade, onde a semente cai e não vai adiante porque lhe falta um terreno sólido e profundo. Quando acolho a Palavra de Deus e não fico apenas olhando para ela de forma superficial, mas permito que ela penetre nas raízes do meu coração e da minha vida, ela [Palavra] produz muitos frutos.

Por outro lado, que cuidado precisamos ter com os excessos de preocupações e riquezas! Esses excessos de preocupação são como que espinhos sufocando a Palavra de Deus que foi jogada, semeada e lançada em nosso coração. Se vencemos as distrações, as inquietações, os excessos de preocupações e, sobretudo, a superficialidade do nosso coração, essa Palavra cai como uma luva, cheia de graças para fazer o Reino de Deus acontecer na nossa vida e em nosso coração.

Deus abençoe você!

Fonte
Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

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A VERDADEIRA FAMÍLIA DE JESUS Mt 12,46-50 - 19.07.2016

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HOMILIA

Fazer a vontade de Deus é o requisito que Jesus nos apresenta para também sermos considerados da Sua família. Portanto, não é difícil para nos imaginarmo membros da família de Jesus. Ele mesmo o diz e aponta para nós, como fez quando distinguiu os Seus discípulos: eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família segundo a carne. Como filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade ao discípulo a quem ele amava.

Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não têm qualquer significação no Reino de Deus.

O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que Ele pode ter é de ordem espiritual – e é com aqueles que fazem a vontade de Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.

Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo parentesco segundo a carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará agora a ampliar o Seu ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção entre judeus e gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua incredulidade e rejeição.

O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente superado por afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator predominante e definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção qualquer.

O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo produz um vínculo maior do que nosso parentesco de sangue.

Jesus não perdia tempo, por isso, ele aproveitava todos os momentos para dirigir ao povo, mensagens de vida e conversão. A Mãe de Jesus, em tudo fez a vontade do Pai, desde a encarnação até a morte e ressurreição de Jesus. Soube confiar no plano de Deus e, por isso, é chamada de co-Redentora, pois contribuiu para que tudo se realizasse.

Maria fez a vontade de Deus! José foi um homem ajustado ao Plano de Deus, e você?- Você se considera da família de Jesus? – Jesus aponta para você também quando pronuncia estas palavras? – Você é um (a) discípulo (a) fiel? Se fores diga graças à Deus. E senão é tempo para você se converter e mudar de vida. Veja que os discípulos deixaram suas famílias, abandonaram-se à vontade do Pai e uniram-se à nova família, em torno de Jesus. Agora é a sua vez meu irmão, minha irmã!

Pai reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos um só corpo e uma só alma quem Cristo Jesus teu filho muito amado e que por amor morreu e ressuscitou. Amém!
Fonte Canção Nova