domingo, 1 de outubro de 2017

Homilia - 11.11.2017

NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO Lc 16,9-15
HOMILIA

Há uma riqueza que semeia a morte em toda a parte em que domina: libertai-vos dela e sereis salvos. Purificai a vossa alma; tornai-a pobre para poder ouvir o apelo do Salvador que vos repete: “Vem e segue-me” (Mc 10,21). Ele é o caminho em que avança aquele que tem o coração puro; a graça de Deus não penetra numa alma ocupada e dividida numa grande quantidade de pertences. Quem olha para a sua fortuna, para o seu ouro e para a sua prata, para as suas casas, como sendo dons de Deus, esse testemunha a Deus o seu reconhecimento vindo com os seus bens em auxílio dos pobres. Sabe que os possui mais para os seus irmãos do que para si próprio.

Continua dono das suas riquezas em vez de se tornar escravo delas; não as fecha na sua alma, tal como nelas não encerra a sua vida, mas continua, sem se cansar, uma obra que é divina. E se, um dia, a sua fortuna vier a desaparecer, aceita a sua ruína com um coração livre. Esse homem, Deus o declara “bem-aventurado”; chama-lhe “pobre em espírito”, herdeiro seguro do Reino dos Céus (Mt 5,3). Pelo contrário, há quem encerre a sua fortuna no coração, no lugar do Espírito Santo. Esse guarda em si as suas terras, acumula sem fim a fortuna, só se preocupa em acrescentar sempre mais. Não levanta nunca os olhos ao céu; atola-se no material. De fato, ele não é mais do que pó e voltará ao pó (Gn 3,19). Como pode então experimentar o desejo do Reino aquele que, em vez de coração, tem dentro de si um campo ou uma mina, aquele a quem a morte surpreenderá sempre no meio das suas paixões? “Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração” (Mt 6,21).

Querer pôr a esperança e a confiança em bens passageiros é querer fazer fundações em água corrente. Tudo passa; Deus permanece. Agarrarmo-nos ao que é transitório é desligarmo-nos do que é permanente. Quem, portanto, levado no turbilhão agitado, consegue manter-se firme em seu lugar, nessa torrente fragorosa? Se quisermos recusar-nos a ser levados pela corrente, temos de nos afastar de tudo o que corre; senão o objeto do nosso amor nos constrangerá a chegar ao que precisamente queremos evitar. Aquele que se agarra aos bens transitórios será certamente arrastado até onde terá, à deriva, essas coisas às quais se apega.

A primeira coisa a fazer é pois abstermo-nos de amar os bens materiais; a segunda, não pormos total confiança naqueles bens que nos são confiados para serem usados e não para serem desfrutados. A alma que se prende apenas aos bens perecíveis, depressa perde a sua própria estabilidade. O turbilhão da vida atual arrasta quem nele se deixa ir, e é uma ilusão, para aquele que é levado nesta corrente, nela querer manter-se de pé.

Pai, meu coração está todo centrado em ti, e em ti encontra consolo e proteção. Meu único anseio é não deixar que se abale esta segurança, fonte de minha felicidade.
Fonte https://homilia.cancaonova.com


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Homilia - 10.11.2017

O ADMINISTRADOR DESONESTO Lc 16,1-8
HOMILIA

O Evangelho de hoje apresenta uma parábola em certo modo bastante atual, a do administrador infiel. A personagem central é o administrador de um proprietário de terras, figura muito popular também em nossos campos, quando regiam sistemas usufrutuários.

Como as melhores parábolas, esta é como um drama em miniatura, cheio de movimento e de mudanças de cena. A primeira tem como atores o administrador e seu senhor e conclui com uma dispensa taxativa: «Já não podes ser administrador». Este não esboça sequer uma autodefesa. Tem a consciência suja e sabe perfeitamente que tudo aquilo que o patrão ficou sabendo a seu respeito é certo. A segunda cena é um monólogo do administrador que acaba de ficar sozinho. Não se dá por vencido; pensa em soluções para garantir um futuro. A terceira cena – o administrador e os camponeses – revela a fraude que idealizou com esse fim: «‘Tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem sacos de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve: oitenta’». Um caso clássico de corrupção e de falsa contabilidade que nos faz pensar em frequentes episódios parecidos em nossa sociedade, ainda que em uma escala muito maior.

A conclusão é desconcertante: «O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza». Será que Jesus aprova ou estimula a corrupção? É necessário recordar a natureza totalmente especial do ensinamento nas parábolas. A parábola não deve ser trasladada em bloco e com todos seus detalhes ao plano do ensinamento moral, mas só naquele aspecto que o narrador quer valorizar. E está claro qual é a idéia que Jesus quis incutir com esta parábola.

O senhor elogia o administrador por sua sagacidade, não por outra coisa. Não se afirma que volta atrás em sua decisão de despedir este homem. E mais ainda, visto seu rigor inicial e a prontidão com a qual descobriu a nova artimanha do administrador, podemos imaginar facilmente a continuação, não relatada, da história. Após ter elogiado o administrador por sua astúcia, o senhor deve ter-lhe ordenado que devolvesse imediatamente o fruto de suas transações desonestas, ou pagá-las com a prisão se não pudesse saldar a dívida. Isso, ou seja, a astúcia, é também o que Jesus elogia, fora das parábolas. Acrescenta, de fato, quase como comentário às palavras desse senhor: «Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz».

Aquele homem, frente a uma situação de emergência, quando estava em jogo seu porvir, deu prova de duas coisas: de extrema decisão e de grande astúcia. Atuou pronta e inteligentemente para salvar-se. Isso – Jesus vem dizer a seus discípulos – é o que deveis fazer também vós para pôr a salvo não o futuro terreno, que dura apenas alguns anos, mas o futuro eterno. «A vida – dizia um filósofo antigo – não é dada a ninguém em propriedade, mas a todos em administração» (Sêneca). Todos nós «administradores»; por isso, devemos fazer como o homem da parábola. Ele não deixou as coisas para amanhã, não dormiu. Está em jogo algo mais importante que não pode ser confiado à sorte.

O Evangelho com frequência faz diversas aplicações práticas desse ensinamento de Cristo. Aquele no qual se insiste mais tem a ver com o uso da riqueza e do dinheiro: «Eu vos digo: usai o ‘dinheiro’, embora iníquo, para fazer amigos. Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas». É como dizer: fazei como aquele administrador; fazei-vos amigos daqueles que um dia, quando vos encontrardes em necessidade, possam acolher-vos. Esses amigos poderosos, sabemos, são os pobres, já que Cristo considera dado a Ele em pessoa o que se dá ao pobre. Os pobres, dizia Santo Agostinho, são de certa forma, nossos correios e transportadores: eles nos permitem transferir, desde agora, nossos bens na morada que se está construindo para nós no céu.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/

Homilia - 09.11.2017

JESUS VAI AO TEMPLO Jo 2,13-22
HOMILIA

Na cena do texto, Jesus vai a Jerusalém para a primeira das três Páscoas mencionadas em João (nos Sinóticos a vida pública de Jesus só durou um ano e eles só mencionam uma Páscoa). No Templo, que deveria ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus dos pobres e sofridos, Ele encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios, e trocar a moeda, uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo. Quando atacava esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso, pois os animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus substituiu a purificação dos judeus no sinal das Bodas de Caná, aqui Ele demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido, pois a presença de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele cumpre as profecias de Jeremias e Zacarias que predisseram uma religião sem templo nacionalista, explorador econômico do povo (cf. Jr 7,11-14; Zc 14,20-21).

João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias – ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir” dos Sinóticos (cf. Mt 26,61). As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.

Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da religião, por parte das autoridades de Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem frequentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro do Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje.

Além da descarada exploração financeira dos seus fiéis por parte de algumas seitas (e cuidemos para não generalizarmos aqui), aos poucos muitas comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética de denúncia e anúncio, configurando-se ao mundo neo-liberal de consumismo e gratificação emocional imediata, tornando o evangelho uma mercadoria a ser vendida através de um marketing, que jamais pode questionar os valores da sociedade vigente.

Assim o texto de hoje nos traz um alerta – Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10,10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.
Fonte https://homilia.cancaonova.com


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Homilia - 08.11.2017

AS CONDIÇÕES PARA SEGUIR JESUS Lc 14,25-33
HOMILIA

Jesus instrui os discípulos, apresentando as condições para seguí-lo. Diz que o seguimento deve ser decidido. Jesus pede que odeie pais, mães, filhos e a própria vida. A palavra odiar significa dar preferência, pois o hebraico não tem o verbo preferir. Jesus explica que seguí-lo é mais importante. Mas não dispensa o amor à família e à vida. Aliás, seguindo Jesus, vamos amar mais a família e cuidar melhor da vida, pois vencemos os pecados que destroem a ambos. Ele que ensina o amor, não vai propor o ódio como razão da vida.

Há outra condição para seguí-lo: pegar e carregar a cruz, caminhando atrás dele. É um grande desafio. Ir atrás dele não é somente seguir seus passos, mas viver como Ele viveu. Não se trata de sofrimento, mas de vida entregue, por amor, para a redenção do mundo. Estamos com Ele nessa missão. Para fazer isso, diz Jesus, é preciso calcular bem se vamos assumir com toda radicalidade e perseverança.

Do contrário, vai ser como o rei que saiu para uma guerra e não mediu a força do inimigo. Vai ter que se entregar e negociar a paz. Ou como o outro que começou a construir uma torre e não calculou o quanto iria gastar e não deu conta de continuar. Todo mundo vai debochar dele. É preciso calcular. Do mesmo modo deve agir quem quer seguir Jesus: ver aonde Jesus vai e assumir para valer. Nos tempos atuais sentimos dificuldades de cortar aquilo que impede o seguimento de Jesus, por isso a fé se torna mesquinha e raquítica. Não posso seguir Jesus somente até certo ponto. Não funciona. Não pode ser meu discípulo diz Jesus.

O desapego que Jesus exige para seguí-lo é o mesmo que realizou quando venceu as tentações do demônio. A proposta de Jesus mexe com as estruturas da sociedade. Nós o entendemos quando lemos a carta de Paulo a Filemon. É um bilhete particular que mostra como Paulo pede que Filemon aceite de volta seu escravo, seu escravo fugitivo, Onésimo, não mais como um escravo, mas como irmão querido, na fé, pois Paulo o convertera quando estava na prisão. A escravatura era uma realidade. Paulo não pede que o liberte da escravidão, mas que o faça irmão. Em nosso seguimento de Jesus, teremos que enfrentar as necessidades sociais, mudando os homens em irmãos diante do Senhor.

Seguir significa pegar a cruz: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Isso não significa o sofrimento, mas a totalidade da adesão ao amor.

Ser discípulo de Jesus é seguí-lo para uma vida nova e aceitar a revolução que Ele quer fazer em nós desde o nosso desapego às pessoas, da anuência à participação na sua cruz e do abandono de tudo o que temos de material e de humano. O seguimento de Jesus implica na renúncia e no desapego das nossas idéias e vontade própria, como também dos nossos bens, ídolos e projetos. Jesus veio mostrar ao mundo uma nova maneira de ser valorizando o homem na sua dignidade, libertando-o de tudo o que possa escravizá-lo e dominá-lo. Para que nós possamos seguí-lo, nós precisamos nos sentir homens e mulheres livres de nós mesmos. Muitas vezes nós, com a boca, professamos que cremos em Jesus e que desejamos seguí-lo, porém, não fazemos o cálculo de que isto implica em empreendermos uma guerra contra a nossa carne. Por isso, nós fracassamos nos nossos propósitos. Nós precisamos ter convicção que a nossa opção de cristãos e de cristãs se fundamenta na vivência da mensagem evangélica do amor. Quem ama é livre das condições, é livre das circunstâncias, é livre das pessoas. Ama, porque ama com o amor de Jesus.

A cruz é decorrente da nossa vivência do amor, porque amar nos traz consequências. Não é fácil amar, nem tampouco é fácil assumir os encargos que o amor nos propõe. Sentar-se para “calcular os gastos” e ou “examinar as condições” é entregar-se à ação do Espírito Santo que é quem nos capacita a deixarmos tudo e seguirmos a Jesus Cristo como discípulos seus. Assim sendo, quando Jesus nos diz “se alguém vem a mim”, Ele quer nos dizer, se “você quer me seguir você deverá viver a lei do amor; você terá que amar como eu amo; viver como eu vivo; sofrer como eu sofro; pensar como eu penso.” A renúncia maior há de ser do nosso jeito de olhar as coisas, de julgar e de encarar as pessoas, de nos desapegar dos conceitos adquiridos durante a nossa caminhada de vida, consequência da nossa criação, cultura etc. A renúncia a tudo que não combina com o pensamento evangélico e o desapego das coisas e das pessoas, é, portanto, o fundamento para que o reino dos céus viva em nós e Jesus seja o nosso Rei, Senhor e Mestre. Do contrário, estaremos construindo na areia e nunca seremos considerados discípulos e seguidores de Jesus.

Você tem muitos planos? Você já fez os cálculos, do que terá de abdicar para que Jesus seja o seu Mestre? Você é uma pessoa muito arraigada às suas idéias e pensamentos? Você tem procurado amar como Jesus amou? Você tem assumido a sua cruz?

Pai, reforça minha disposição em ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a Ti e a teu Filho Jesus.
Fonte https://homilia.cancaonova.com/

Homilia - 07.11.2017

O GRANDE BANQUETE Lc 14,15-24
HOMILIA

A parábola do banquete do Reino mostra como os que estão empenhados exclusivamente em seus negócios: comprei um terreno e tenho que examiná-lo, no frenesi de seu trabalho; comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las, ou na exclusividade do círculo familiar, não podem entrar para participar plena e alegremente na vida comunitária. Esta exige uma disponibilidade generosa e a aspiração de construir algo maior que os pequenos negócios e trabalhos familiares.

Por estas razões, aqueles que estão empenhados em suas próprias preocupações sem olhar o horizonte dos povos, sem valorizar as utopias históricas, não estão aptos para participar do banquete do Reino. Este necessita de uma abertura a todos os seres humanos e a todos os ideais de humanização.

Por isso os convidados são aqueles que realmente têm esperança histórica e confiam que podem construir a nova casa do Senhor. Esta é um projeto alternativo, um mundo onde não há excluídos e onde o importante não é a produtividade nem o lucro, mas a máxima expressão da criação: o ser humano.

Por outro lado, devemos saber que o coração de Deus nos aguarda para saciar-nos com o pão da vida, por isso, Jesus nos convida a participarmos do Banquete do Amor do Pai. Para cada um de nós há um lugar reservado a fim de que nos fartemos com o alimento adequado para a nossa alma. Neste Evangelho, Jesus nos fala das coisas “lícitas” que nos impedem de aceitar o convite do banquete no reino de Deus. Da mesma forma como na Parábola, nós vivemos dando desculpas e justificativas para não aceitarmos o convite de Jesus.

Nós nos escusamos, muitas vezes, de entrar no Reino dos Céus por causa das nossas ocupações. Só aceitamos o convite que Jesus nos faz por meio de outras pessoas na hora que nos convêm, damos preferência aos nossos negócios e interesses pessoais e desprezamos o pão de Deus para nos “deliciarmos” com o “pão do mundo”. Esta é uma verdade factual na nossa vida. A parábola do banquete é uma mensagem que abre os nossos olhos para as realidades de Deus que deixamos de usufruir em vista das nossas “ocupações” e que, mais tarde, talvez nós não tenhamos o tempo hábil para participarmos. No entanto, Jesus continuará a nos atrair quando acena para os coxos, os cegos, os aleijados, os pobres e miseráveis. Muitas vezes, nós precisamos nos sentir assim para que o convite de Jesus seja aceito por nós. “Feliz é aquele que come o pão no reino de Deus”! Felizes nós seremos quando, reconhecendo as nossas deformidades, buscarmos o alimento de Deus através da sua Palavra, da Eucaristia, da Oração, da Adoração ao Santíssimo, do estar em comunidade no serviço e no amor.

Você já aceitou o convite para participar do banquete do Reino de Deus? Você tem certeza que tem atendido ao convite de Jesus? A que alimento você tem dado prioridade para saciar a sua fome: ao pão do céu ou ao pão do mundo? O que tem sido mais importante para você: o banquete de Deus ou as suas ocupações e preocupações?

Pai, tu me convidas cada dia para participar das alegrias de teu Reino. Que eu saiba acolher teu convite paterno, fazendo-me solidário com os pobres e os deserdados deste mundo.
Fonte https://homilia.cancaonova.com

Homilia - 06.11.2017

O GRANDE BANQUETE Lc 14,12-24
HOMILIA

A parábola do banquete do Reino mostra como os que estão empenhados exclusivamente em seus negócios: comprei um terreno e tenho que examiná-lo, no frenesi de seu trabalho; comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las, ou na exclusividade do círculo familiar, não podem entrar para participar plena e alegremente na vida comunitária. Esta exige uma disponibilidade generosa e a aspiração de construir algo maior que os pequenos negócios e trabalhos familiares.

Por estas razões, aqueles que estão empenhados em suas próprias preocupações sem olhar o horizonte dos povos, sem valorizar as utopias históricas, não estão aptos para participar do banquete do Reino. Este necessita de uma abertura a todos os seres humanos e a todos os ideais de humanização.

Por isso os convidados são aqueles que realmente têm esperança histórica e confiam que podem construir a nova casa do Senhor. Esta é um projeto alternativo, um mundo onde não há excluídos e onde o importante não é a produtividade nem o lucro, mas a máxima expressão da criação: o ser humano.

Por outro lado, devemos saber que o coração de Deus nos aguarda para saciar-nos com o pão da vida, por isso, Jesus nos convida a participarmos do Banquete do Amor do Pai. Para cada um de nós há um lugar reservado a fim de que nos fartemos com o alimento adequado para a nossa alma. Neste Evangelho, Jesus nos fala das coisas “lícitas” que nos impedem de aceitar o convite do banquete no reino de Deus. Da mesma forma como na Parábola, nós vivemos dando desculpas e justificativas para não aceitarmos o convite de Jesus.

Nós nos escusamos, muitas vezes, de entrar no Reino dos Céus por causa das nossas ocupações. Só aceitamos o convite que Jesus nos faz por meio de outras pessoas na hora que nos convêm, damos preferência aos nossos negócios e interesses pessoais e desprezamos o pão de Deus para nos “deliciarmos” com o “pão do mundo”. Esta é uma verdade factual na nossa vida. A parábola do banquete é uma mensagem que abre os nossos olhos para as realidades de Deus que deixamos de usufruir em vista das nossas “ocupações” e que, mais tarde, talvez nós não tenhamos o tempo hábil para participarmos. No entanto, Jesus continuará a nos atrair quando acena para os coxos, os cegos, os aleijados, os pobres e miseráveis. Muitas vezes, nós precisamos nos sentir assim para que o convite de Jesus seja aceito por nós. “Feliz é aquele que come o pão no reino de Deus”! Felizes nós seremos quando, reconhecendo as nossas deformidades, buscarmos o alimento de Deus através da sua Palavra, da Eucaristia, da Oração, da Adoração ao Santíssimo, do estar em comunidade no serviço e no amor.

Você já aceitou o convite para participar do banquete do Reino de Deus? Você tem certeza que tem atendido ao convite de Jesus? A que alimento você tem dado prioridade para saciar a sua fome: ao pão do céu ou ao pão do mundo? O que tem sido mais importante para você: o banquete de Deus ou as suas ocupações e preocupações?

Pai, tu me convidas cada dia para participar das alegrias de teu Reino. Que eu saiba acolher teu convite paterno, fazendo-me solidário com os pobres e os deserdados deste mundo.
Fonte https://homilia.cancaonova.com

Homilia - 05.11.2017

O SERMÃO DO MONTE Mt 5,1-12a
HOMILIA

O chamado “Sermão da Montanha”, discurso inaugural do ministério público de Jesus, se estende até ao capítulo 7 do Evangelho de S. Mateus. É o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro. Neste domingo simplesmente ficamos nas bem-aventuranças.

O Evangelho deste domingo nos traz o Sermão da Montanha. Falar dele em poucas palavras é uma missão bem difícil para mim, já que eu olho para ele e vejo uma grande lição em cada versículo.

Sempre que o Sermão da Montanha é mostrado nos filmes, Jesus está andando pelo meio da multidão e falando bem alto. Quando lemos no Evangelho, descobrimos que não foi bem assim, como nos filmes. Na verdade, Jesus olhou para a multidão, subiu o monte em silêncio, e sentou. Os discípulos se aproximaram e sentaram perto d’Ele. Foi então que Jesus abriu a boca e começou a ensinar-lhes. Então se os discípulos estavam perto, não havia por que falar alto! Foi uma “aula particular” para os discípulos, e que deve ter sido bem mais extensa do que as poucas linhas que ficaram registradas no livro de Mateus.

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Quem são os “pobres de Espírito”? E por que é deles o Reino dos Céus? Se alguém lhe perguntasse “de quem é o Reino dos Céus?” você responderia “dos pobres de espírito”? Não? Nem eu. Por isso precisei pesquisar outras traduções e estudar sobre o assunto para entender o que está escondido nesse versículo… Pobre em espírito é aquele que tem o espírito vazio de si próprio, a ponto de reconhecer sua pequenez e pedir humildemente que Deus ocupe esse vazio do seu espírito. Não importa se a pessoa é rica ou pobre de dinheiro, pois não é impossível para o pobre ser arrogante, nem para o rico ser humilde. O Reino dos Céus é destas pessoas porque são estas que se permitem ser preenchidas, no seu vazio, pelo próprio Deus. São estas pessoas que espalham as sementes do Reino dos Céus em forma de Amor.

“Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.” Já começo aqui lembrando que só se aflige quem se importa, quem se preocupa. Com que/quem você se importa? Quem está aflito de verdade, chora. Como Jesus chorou no Getsêmani. Você já chorou de arrependimento pelos seus erros? Pelas dificuldades que você teve (ou está tendo) que enfrentar? Acredite: elas foram ou estão sendo necessárias. Se Deus as permitiu, existe uma razão. Você pode até não entender hoje, mas confie em Deus: depois de uma grande aflição, sempre vem uma grande recompensa.

“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.” O verdadeiro manso é aquele que, mesmo tendo a possibilidade e a escolha de aniquilar aqueles que se opõem a ele, escolhe a paciência. No entanto, o verdadeiro manso não é passivo e indiferente ao que é errado, mas defende a Verdade mesmo que isso lhe custe a vida. Nesse mundo cruel em que vivemos, o normal é que os mansos sejam “engolidos” pelos violentos. Mas na lógica de Jesus, quem vai “herdar a terra”, ou seja, quem vai permanecer no final de tudo, são os mansos. Por quê? Porque os violentos matam-se uns aos outros.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” Aqui está implícito algo interessante: que neste mundo a justiça é falha. Mas todos nós já ouvimos a expressão: “a justiça divina tarda, mas não falha”. Alguém lhe caluniou? Alguém lhe trapaceou? Alguém lhe condenou e castigou injustamente? Não se preocupe: mais cedo ou mais tarde, essa pessoa terá de acertar as contas com Deus. E, sem sombra de dúvidas, irá colher o que plantou.
Fonte https://homilia.cancaonova.com