quinta-feira, 4 de junho de 2015

A OFERTA DA VIÚVA POBRE Mc 12,38-44 - 06.06.2015


HOMILIA

O relato evangélico de hoje tem duas partes bem diferenciadas e, ligadas talvez, pela palavra chave “viúva” com a qual conclui a última seção da primeira parte, dando origem à segunda. A primeira diz respeito ao juízo de Jesus sobre os mestres da Lei e a segunda refere-se a oferta da viúva.
Na primeira parte, o Senhor instrui a multidão que o escuta com satisfação conforme Mc 12,37. O primeiro ensinamento desmascara a atitude dos escribas ou mestres da Lei que gostam de ser o centro em tudo, mas que não são coerentes com os ensinamentos desta mesma Lei e cometem injustiça contra as viúvas explorando ou roubando os seus bens.
Na segunda parte, Jesus aparece como um grande observador. Olha para a caixa das ofertas onde o povo põe o dinheiro. Percebe que muitos ricos põem grande quantidade de dinheiro. Porém, também vê que uma viúva pobre coloca duas moedinhas de pouquíssimo valor. Ali aparece o ensinamento para seus discípulos. Afirma sem rodeios que a viúva pobre deu mais que todos os ricos... E esclarece por que: enquanto os ricos deram do que lhes sobrava, a viúva pobre deu do que tinha para viver.
Saiba que: as moedinhas que a pobre viúva coloca são duas moedinhas. A Lepta era uma moeda grega de cobre chamada também calco ou óbolo. As duas Leptas equivaliam a um Quadrante (moeda romana) que é a 64º parte de um Denário (moeda romana) que era o salário médio por um dia de trabalho. Façamos o cálculo dividindo em 64 a diária oficial de um trabalhador de nosso país, ou seja, a quantidade é insignificante.
Jesus como sempre observava tudo a fim de ensinar aos Seus discípulos o que era verdadeiro. Ele exortava-os a não imitar os doutores da lei que gostavam de chamar atenção em todos os aspectos. Existem hoje também muitos “doutores da lei” que gostam de chamar a atenção por suas idéias “espirituais” ou “espiritualistas” que estão impressionando as multidões. Na verdade, eles fazem tudo visando proveito próprio desviando o foco da pessoa de Jesus Cristo e colocando-se no Seu lugar. Gostam de ser incensados, elogiados e reconhecidos pelos seus grandes feitos. Necessitamos vigiar as nossas ações de colaboradores do reino para que não estejamos no meio dos “doutores da lei”, porque Jesus mesmo nos adverte: “Tomai cuidado” “eles receberão a pior condenação”. Às vezes podemos pensar que estamos servindo ao Senhor, quando na verdade, procuramos um palco para nos pormos em evidência. Ao mesmo tempo, Jesus também nos aconselha a observar a oferta da pobre viúva. Ela só chamava a atenção pela sua miséria, mas teve o desprendimento de ofertar ao Senhor, também, toda a sua pobreza. O pouco que ela deu era tudo o que possuía para viver. Todos (as) aqueles (as), que como a viúva, oferecem tudo o que possuem para viver, receberão recompensa. Essa passagem nos faz refletir sobre as nossas ofertas!
Tenhamos presente que na época de Jesus, trabalhava “fora de casa” somente o homem. Quando uma mulher ficava viúva, não voltava para sua casa paterna; se não tivesse filhos homens que a pudessem sustentar, ficava a mercê da “caridade” do povo. Não havia instituições nem ONGs que se encarregassem delas. Muitas vezes no Antigo, e também no Novo Testamento, aparece a expressão “pobres, órfãos e viúvas” como aqueles que Deus privilegia e, portanto reivindica cuidado e proteção especial por ser realmente parte da categoria do que hoje chamaríamos os “irmãos mais necessitados” ou empobrecidos.
Qual a minha atitude perante Deus? Procuro honrarias, benefícios, primeiros lugares? Qual a minha atitude perante os bens e talentos que eu possuo? Cuido deles como algo que Deus colocou em minhas mãos para eu administrar? Ou cuido deles como algo exclusivamente meu, em benefício próprio? Creio que amar a Deus implica desapego e doação sem nada reter para mim? Temos oferecido ao Senhor tudo o que temos ou somente o que sobra? O que é que você possui? Qual será a oferta que Deus espera de você? Você tem oferecido ao Senhor, pobreza ou riqueza? Qual é o entendimento que você tem sobre generosidade?
Pai, instrui-me com tua sabedoria, para que eu saiba avaliar os gestos humanos com parâmetros divinos, e assim ser capaz de perceber o que é invisível aos nossos olhos.
Fonte Padre BANTU SAYLA

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