HOMILIA
"Eis o Cordeiro que Transforma o Mundo"
Caros irmãos e irmãs,
O Evangelho nos apresenta João Batista proclamando: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Essa declaração não é apenas um reconhecimento da identidade de Jesus, mas um chamado profundo para olharmos o mundo e a humanidade à luz da redenção que Ele oferece.
Vivemos tempos de intensas crises: desigualdades sociais crescentes, conflitos que dividem nações e comunidades, e uma sede universal de paz e justiça. Diante desse panorama, a figura do Cordeiro de Deus nos provoca a refletir: o que significa, hoje, que Jesus tira o pecado do mundo?
Jesus não apenas aponta para a redenção individual, mas para a transformação de toda a criação. Ele é o ponto de convergência de todas as dores e esperanças humanas. Como o Cordeiro que se entrega, Ele nos ensina que a verdadeira mudança começa pelo amor que se doa, pelo serviço que se inclina ao mais pequeno, pela justiça que busca restaurar a dignidade do próximo.
Cada um de nós é chamado a participar dessa obra de transformação. Não podemos ser espectadores diante da fome, da exclusão ou do desespero que consome tantas vidas. Jesus nos mostra que a superação das crises do mundo exige que reconheçamos a interconexão de todos os seres. Não há redimidos sem a redenção do outro; não há paz interior enquanto o irmão sofre.
João Batista aponta para o Cordeiro, e nós somos chamados a segui-lo, assumindo nossa corresponsabilidade na construção de um mundo mais justo e fraterno. Assim como o Espírito Santo desceu e permaneceu sobre Jesus, Ele também nos impulsiona a sermos instrumentos de reconciliação, pontes onde há separação, e luz onde reinam as trevas.
Que essa mensagem nos inspire a abrir nossos corações e nossas ações para que, unidos ao Cordeiro, possamos trabalhar pela realização daquilo que Deus sonhou para a humanidade: um mundo onde o amor, a justiça e a paz sejam os fundamentos de toda convivência. Amém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Explicação Teologicamente Profunda da Frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1,29)
Essa declaração de João Batista é um dos pilares da teologia cristã, rica em simbolismo e significado salvífico. Ela abrange várias dimensões: a messiânica, a sacrificial, a escatológica e a cósmica.
1. O Cordeiro de Deus: A Identidade Messiânica
A imagem do cordeiro remonta à tradição judaica, especialmente ao cordeiro pascal do Êxodo (Ex 12). Na Páscoa, o sangue do cordeiro marcado nas portas do povo hebreu os livrou da morte e marcou o início da libertação do Egito. Ao identificar Jesus como o "Cordeiro de Deus", João Batista apresenta-O como o Messias prometido, Aquele que trará uma libertação definitiva, não apenas política ou temporal, mas espiritual e universal.
2. A Tira o Pecado do Mundo: A Dimensão Sacrificial
No contexto veterotestamentário, o sacrifício de animais era visto como um ato de expiação pelo pecado. O Cordeiro de Deus substitui esses sacrifícios pela entrega única e perfeita de Sua vida na cruz (Hb 9,26). O verbo "tirar" (do grego airo) implica não apenas o perdão dos pecados, mas também a remoção de sua força escravizante e a reconciliação entre Deus e a humanidade.
3. O Pecado do Mundo: A Universalidade da Redenção
A expressão "pecado do mundo" não se refere apenas aos pecados individuais, mas ao estado de separação e desordem que afeta toda a criação desde a Queda. Jesus não apenas perdoa culpas pessoais, mas cura a ferida cósmica que distancia a criação de seu Criador. Ele assume sobre Si o peso do pecado coletivo, restaurando a ordem divina.
4. O Cordeiro no Apocalipse: A Dimensão Escatológica
Essa frase também aponta para a consumação da obra redentora no final dos tempos. No Apocalipse, o Cordeiro aparece como o centro da adoração celestial (Ap 5,6-14) e como aquele que inaugura os novos céus e a nova terra (Ap 21). Assim, a figura do Cordeiro não é apenas histórica, mas eterna, atuando no presente e na plenitude do tempo.
5. O Cordeiro e a Comunhão com a Humanidade
A frase revela que o sacrifício do Cordeiro não é imposto, mas oferecido em um gesto de amor incondicional. Jesus, como Cordeiro, não é apenas o mediador, mas o modelo de obediência e entrega total à vontade do Pai. Ele nos convida a participar de sua missão, tornando-nos "cordeiros" ao serviço da redenção do mundo.
Conclusão
A frase "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" encapsula o mistério da salvação. Ela proclama Jesus como o Messias que reconcilia o humano com o divino, transcende os limites do tempo e do espaço, e abre um caminho de esperança para toda a criação. Esse reconhecimento exige de nós uma resposta: seguir o Cordeiro, aceitar Sua graça e colaborar na obra contínua de redenção, sendo luz e testemunhas do amor de Deus no mundo.
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