segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Homilia Diária - 15.08.2024

 


HOMILIA

O Mistério do Perdão Infinito


O Evangelho de Mateus 18,21-19,1 nos confronta com uma das exigências mais profundas da vida cristã: o perdão incondicional. Quando Pedro pergunta a Jesus quantas vezes deve perdoar seu irmão, ele sugere sete vezes como um número suficiente. No entanto, Jesus responde com uma matemática divina que ultrapassa os limites humanos: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (Mateus 18:22). Este ensinamento revela a natureza do perdão como um ato que não pode ser medido ou limitado; ele deve ser infinito, assim como o amor de Deus.

Perdoar não é apenas um dever moral; é um processo de transformação interior. A cada ato de perdão, rompemos as correntes do ressentimento e permitimos que a graça de Deus flua através de nós. No entanto, este não é um caminho fácil. Requer uma disposição profunda para abrir mão do ego, das feridas, e das expectativas. Exige que nos coloquemos em um espaço onde reconhecemos nossa própria fragilidade e, ao fazê-lo, aceitamos a fragilidade dos outros.

No coração do perdão está o reconhecimento da unidade de toda a criação. Quando perdoamos, participamos do ato criativo de Deus, que está sempre chamando todas as coisas à reconciliação e à plenitude. O perdão, então, não é apenas um ato isolado, mas um movimento cósmico em direção à integração e à comunhão universal. Cada vez que perdoamos, colaboramos com o plano divino de unificar todas as coisas em Cristo.

Assim, o perdão se torna um caminho de santificação, um convite a participar do amor divino que abraça todas as ofensas e as redime. Ao viver o perdão como uma prática contínua, somos transformados à imagem daquele que é a encarnação do perdão, e nos aproximamos mais do mistério do Reino dos Céus.


EXPLICAÇÃO

"Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." (Mateus 18:22)

O trecho de Mateus 18,21-19,1 é uma das passagens mais desafiadoras e ricas do Evangelho, pois nos confronta com a dimensão divina do perdão e da reconciliação. Nesta passagem, Pedro pergunta a Jesus quantas vezes deve perdoar seu irmão que pecar contra ele, sugerindo "até sete vezes." A resposta de Jesus, "até setenta vezes sete," subverte a compreensão humana do perdão, indicando que o perdão deve ser ilimitado, assim como é o amor de Deus.


Perdão Infinito como Reflexo da Graça Divina


O perdão, no entendimento teológico, é um reflexo direto da graça divina. A cifra "setenta vezes sete" não deve ser interpretada de forma literal, mas sim como um símbolo da infinitude do perdão que somos chamados a oferecer. Essa infinidade remete ao amor incondicional de Deus, que perdoa repetidamente, independentemente do número de vezes que caímos. Na teologia cristã, o perdão é um ato de imitação divina; ao perdoar, participamos da natureza de Deus, que é amor e misericórdia.


O Perdão como Ato de Libertação


Teologicamente, o perdão não é apenas um benefício para quem é perdoado, mas também para quem perdoa. É um ato de libertação tanto do ofensor quanto do ofendido. Quando uma pessoa perdoa, ela se liberta do peso do ressentimento, da amargura e do desejo de vingança. Este ato de libertação é uma antecipação escatológica do Reino de Deus, onde todas as divisões e ofensas serão reconciliadas.


A Unidade da Comunidade Cristã


Além disso, o perdão tem uma dimensão eclesiológica. A Igreja, como o Corpo de Cristo, é chamada a ser um lugar de reconciliação. O perdão entre os membros da comunidade é essencial para a unidade da Igreja. Na visão de Cristo, a Igreja é chamada a refletir o amor reconciliador de Deus em todas as suas relações. Portanto, o perdão repetido e ilimitado é um elemento vital para manter a integridade e a comunhão no Corpo de Cristo.


O Perdão e a Justiça Divina


Por fim, é importante reconhecer que o perdão não anula a justiça, mas a transcende. Na teologia cristã, a justiça de Deus é realizada plenamente na cruz, onde Jesus perdoa os pecados da humanidade. No entanto, essa justiça divina não busca a retribuição, mas a restauração. O perdão, portanto, não ignora a ofensa, mas a transforma, possibilitando a reconciliação e a redenção.


Conclusão


Em resumo, Mateus 18,21-19,1 nos convida a entrar no mistério do perdão divino, que é ilimitado, libertador e essencial para a unidade do Corpo de Cristo. Perdoar, segundo o ensinamento de Jesus, é participar do movimento redentor de Deus na história, que busca reconciliar todas as coisas em Cristo. É um chamado a viver de maneira profundamente contrária à lógica do mundo, enraizados na lógica da graça, que é sempre maior, mais abundante e mais transformadora do que podemos imaginar.

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