terça-feira, 23 de julho de 2019

Homilia Diária - 28.07.2019

JESUS ENSINA A REZAR Lc 11,1-13
HOMILIA

Este relato reafirma a realidade da misericórdia de Deus e ao mesmo tempo sublinha a importância da oração como ato de fé para com Deus Pai: a certeza de um Deus amor, disponível ao perdão e à reconciliação; que diante dos obstáculos e consequências negativas do pecado, a oração confiante, simples, livre e espontânea, implica que Deus não deixará de intervir em nosso favor, mesmo se a sua intervenção não for imediata. A oração é o recurso fundamental do nosso viver. Mas ela nunca será eficaz se não nos conscientizarmos da confiança que temos que depositar Naquele que nos escuta.
            Depois, rezar não exclui o fato de pedirmos graças e bênçãos por nós e pelos outros porque afinal, esta é uma dimensão importante da oração que nos ajuda a reconhecer o nosso estado de dependência filial da Providência Divina; mas como nos indica Jesus na segunda parte da oração do Pai Nosso: devemos pedir somente o essencial para a nossa existência (dá-nos a cada dia o pão de que precisamos), confiando na sua assistência paterna.
Essa petição do Pai Nosso mostra que nunca devemos ter uma pretensão mágica pela qual deva resultar como automático que poderíamos obter tudo o que pedimos, até porque antes pedimos para que seja feita a vontade Dele e não a nossa. Jesus nos encoraja no Evangelho: “Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto”, o que mostra a grande bondade do Pai. Entretanto, Tiago esclarece que muitas vezes a nossa oração não encontra resposta porque ilícito é o nosso pedir: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, ou seja, para gastar com os vossos prazeres” (Tg 4,3), animados por meros egoísmos e proveitos individuais; e uma oração que quer obrigar Deus a cumprir a nossa vontade para fazer só e exclusivamente e na medida que interessa a nós não poderá nunca agradar nem ser acolhida.
            Obviamente, toda oração deve ser dirigida diretamente a Deus, e seria absurdo e ridículo não considerar o Senhor como o principal agente de toda graça e de todo favor necessitado. Como também seria absurdo e imotivado o não dirigir-se frequentemente a Ele, que através do Espírito Santo, intervém também na nossa oração.
Só um exemplo sobre a importância da oração: o episódio de Sodoma e Gomorra nos conscientiza da legitimidade da oração de intercessão, aquela pela qual nós pedimos aos outros que dirijam ao Senhor as nossas intenções de oração: como Moisés intercede pelo povo de Israel quando Deus queria aniquilá-lo em decorrência do pecado de adoração ao bezerro de ouro; como Abraão intercede agora para poupar a cidade de Sodoma por causa dos poucos sodomitas bons, assim também acontece com quem está pronto a interceder a Deus todas as vezes que nos pomos em oração pelo simples motivo de já viver em plenitude na glória divina e gozar da familiaridade benévola do Senhor.
            Estamos falando de todos aqueles que direta ou indiretamente, estão lutando ainda nesta terra de luto e de lágrimas, gemendo e chorando, mas sobretudo com fé, confiança e esperança imitam  a Cristo no caminho de perfeição e daqueles durante a sua vida terrena com o exercício das muitas virtudes e de provadas capacidades de fé e de heroísmo, agora gozam da glória divina. Estes nada tiram da onipotência com a qual Deus mesmo poderia intervir em nosso favor e não desmentem de modo algum que nós possamos ser ouvidos pelo mesmo Senhor nos nossos pedidos de graças; todavia, a mesma misericórdia do Pai torna possível que eles possam ser para nós intercessores junto a Deus.
            Acredito sem sombras de dúvidas que a oração faz parte da caminhada pessoal de cada cristão. Mas até aprendermos o nosso jeito de rezar, enfrentamos muitas coisas como o esforço, a dúvida, as distrações, as angústias, a preguiça, o comodismo etc. Quantos de nós, não estamos insatisfeitos com a nossa vida de oração? Podem surgir várias dúvidas do tipo: ficar pensando se Deus realmente está nos ouvindo enquanto estamos falando com ele ou mesmo chegarmos até o ponto de nos frustrarmos com nossas orações, pensando: será que não rezei direito ou o suficiente? Será que não sei rezar? Será que tenho que me emocionar e chorar na oração para ter certeza de que realmente rezei?
            Ouvir pessoas fazendo belas orações espontâneas e elegantes diante da comunidade ou ver outras passarem horas diante do Santíssimo Sacramento ou mesmo orações quase aos gritos como se Deus fosse surdo, podem nos deixar frustrados e nos perguntarmos: será que realmente eu rezo?
            Nunca devemos nos angustiar por isso, não temos a obrigação de saber rezar, temos a obrigação de aprender. Ora, até os discípulos de Jesus que já tinham passado tanto tempo com ele, sentiram necessidade de pedir a ele que os ensinasse a rezar: “Senhor, ensina-nos a rezar!” (Lc 11,1). Jesus os ensinou a rezar, e eu acredito que quando nós pedimos a ele, ele nos ajuda também. Dessa forma, experimentamos uma crescente eficácia, liberdade e encanto em nossa vida de oração. A oração é realmente algo muito simples, algo natural tal como é respirar. E os santos com o seu exemplo de confiança total em Deus, com o seu poder de intercessão podem nos ajudar e muito neste sentido.

No Evangelho deste domingo, depois de ensinar-nos a oração do Pai Nosso (a versão de Lucas é simplificada), Jesus nos indica como devemos rezar esta oração: com persistência e insistência. Ele cita como exemplo uma pessoa que vai até a casa de seu amigo à meia-noite para pedir pão. Pela história, entendemos que ele foi atendido por sua persistência e insistência ousada. E só podemos fazer isso quando uma relação de amizade é verdadeiramente próxima. Que busquemos, cada um de nós, nos aproximarmos de Deus como a um bom amigo, em quem confiamos e partilhamos a nossa vida.
Espírito que despoja do egoísmo, sintoniza-me com a misericórdia do Pai, tirando de mim tudo quanto me fecha nos estreitos limites de minhas ambições pessoais e que eu aprenda de uma vez por todas a me dirigir a Vós e somente à Vos como Pai .

Fonte Padre Bantu


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