HOMILIA
O Chamado à Plenitude do Ser
A narrativa de Lucas 13,1-9 nos conduz à essência da transformação interior. Jesus, ao responder sobre os galileus mortos e sobre a torre de Siloé, desvia o olhar do acaso e do juízo exterior, conduzindo-nos a uma verdade mais profunda: a vida não se sustenta no medo da destruição, mas na necessidade da renovação.
A conversão aqui apresentada não é um mero rito ou um temor diante do castigo, mas um despertar para a responsabilidade do ser diante de sua própria existência. A figueira estéril não simboliza um erro fixo ou uma falha condenável, mas uma condição que pode ser transformada. O tempo concedido para que ela frutifique não é uma espera passiva, mas um chamado ao cultivo da própria essência.
A liberdade humana se manifesta na capacidade de reconhecer que a vida é movimento, crescimento e plenitude. Aquele que se fecha à renovação, que permanece imóvel no solo da estagnação, perde-se em sua própria esterilidade. Mas aquele que acolhe o trabalho interior, que se abre ao aperfeiçoamento e à busca sincera do bem, encontra no próprio esforço a força que o sustenta.
Cristo é o vinhateiro que intercede, que nos oferece não a anulação de nossas escolhas, mas a possibilidade de elevar cada escolha a um nível superior de significado. Ele não impõe frutos, mas aduba a terra, para que a decisão de florescer seja verdadeiramente nossa.
Assim, este Evangelho nos ensina que não basta apenas existir. É preciso responder ao chamado da vida com profundidade, nutrindo a alma com as virtudes que fazem do homem não apenas alguém que passa pelo mundo, mas alguém que nele deixa marcas de luz e verdade.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Conversão e Destino: O Chamado à Plenitude da Existência
A afirmação de Cristo em Lucas 13,3 – "Não, eu vos digo! Mas se não vos converterdes, todos vós perecereis do mesmo modo." – transcende uma advertência imediata sobre calamidades físicas e mergulha no fundamento da existência humana sob a luz da economia divina da salvação.
Jesus responde à mentalidade comum da época, que associava desastres e sofrimentos à punição divina por pecados específicos. No entanto, Ele desloca o eixo da reflexão, ensinando que o verdadeiro perigo não é a morte física, mas a perda do sentido último da existência, que se manifesta na recusa à conversão.
Conversão: Um Movimento Interior de Libertação
O termo grego μετάνοια (metánoia), traduzido como "conversão", significa literalmente uma mudança de mente, uma transformação radical do ser que conduz a um novo modo de viver. Não se trata de mera conformidade a normas externas, mas de um realinhamento da própria consciência com a Verdade que sustenta o cosmos.
Conversão não é apenas um ato pontual, mas um dinamismo contínuo de crescimento. Aquele que permanece fechado na rigidez do próprio ego, recusando-se a abandonar suas ilusões e a abrir-se ao absoluto, condena-se ao perecimento, não como castigo imposto, mas como consequência natural do isolamento espiritual.
O Perecimento como Dissolução do Ser
O termo "perecer" aqui não se refere meramente à morte física, mas a uma realidade mais profunda: a perda do princípio vital que orienta o ser para sua plenitude. Assim como uma árvore que não frutifica se condena à esterilidade, o ser humano que não se abre à conversão mergulha na própria fragmentação.
Jesus não propõe um medo servil do castigo, mas um chamado à liberdade verdadeira. O homem não é um espectador passivo do tempo, mas um agente que modela seu destino por suas escolhas. A conversão, portanto, não é uma exigência arbitrária, mas a condição fundamental para que a vida alcance sua máxima realização.
Conclusão: A Conversão como Caminho para a Plenitude
Cristo não apresenta uma ameaça, mas um convite à transformação. A liberdade humana encontra sua realização não na resistência à conversão, mas na aceitação do chamado à verdade e ao bem. Quem se fecha ao caminho da renovação interior não é punido externamente, mas colhe os frutos de sua própria resistência à graça.
Portanto, esta frase de Jesus revela um princípio profundo: a vida é um processo contínuo de crescimento, e a conversão não é uma renúncia, mas um reencontro com a vocação mais elevada do ser.
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