sábado, 15 de março de 2025

Homilia Diária e Explicação Teológica - 17.03.2025

 


HOMILIA

A Medida do Amor e a Expansão do Ser

Amados, a palavra hoje nos conduz ao mistério da verdadeira grandeza do ser, onde cada ato de misericórdia, julgamento e generosidade traça os contornos de nossa própria evolução interior. O Evangelho nos ensina: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36). Aqui, não há mera exigência moral, mas a revelação de uma realidade mais ampla: o amor não é um mandamento externo, mas a via pela qual o espírito se expande e se aproxima da plenitude.

Cristo nos fala de uma medida justa, de um dar e receber que não se limitam à troca, mas que desvelam a própria natureza do ser humano. "Com a mesma medida com que medirdes, vos será medido novamente" (Lc 6,38). Esta é a dinâmica da liberdade: quanto mais se oferece, mais se recebe; quanto mais se julga, mais se é julgado. Pois a existência não se constrói em isolamento, mas na comunhão com o outro, e toda escolha ressoa no cosmos.

Julgar e condenar, ou perdoar e libertar, são atos que moldam não apenas a relação com os outros, mas também com nossa própria essência. O juízo severo aprisiona, enquanto a misericórdia alarga os horizontes do espírito. Dar não é perder, mas participar de uma realidade maior, onde a abundância se manifesta naqueles que compreendem que o bem se multiplica ao ser compartilhado.

Assim, não há moralismo nestas palavras, mas um chamado à verdade. Quem ama, cresce; quem perdoa, liberta-se; quem doa, enriquece-se. A medida do amor não é a restrição, mas a plenitude. E na medida em que transbordamos generosidade, encontramos a própria substância da eternidade.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Dinâmica da Graça: O Princípio do Dom e do Retorno

A frase "Dai, e vos será dado: uma boa medida, cheia, calcada, sacudida e transbordante vos será colocada no regaço" (Lc 6,38) revela um princípio fundamental da economia divina, que transcende a mera reciprocidade humana e se enraíza na própria natureza do amor divino.

1. O Dom como Movimento da Existência

O verbo inicial "Dai" estabelece uma ordem ontológica: a doação precede a recepção. Esse princípio reflete a lógica da graça, na qual o ser não se possui isoladamente, mas se realiza na entrega. Dar não é uma perda, mas uma expansão do próprio ser em comunhão com o outro e com Deus. A vida divina se manifesta justamente nesse dinamismo: Deus dá a Si mesmo, e a plenitude do ser humano se encontra na participação dessa doação.

2. A Justiça de Deus e a Medida do Amor

A resposta divina ao dom humano não se limita a uma equivalência quantitativa, mas segue uma lógica de plenitude: "uma boa medida, cheia, calcada, sacudida e transbordante". Aqui, o texto evoca a imagem de um comerciante que, ao vender grãos, não apenas enche o recipiente, mas o sacode para acomodar mais, pressiona para compactar e acrescenta até que transborde. Essa é a justiça de Deus: não um cálculo exato, mas uma superabundância que manifesta Sua infinita generosidade.

3. O Regaço como Lugar da Plenitude

A expressão "vos será colocada no regaço" remete ao manto dobrado que os orientais usavam como espécie de bolsa para carregar trigo ou outros bens. Simbolicamente, o regaço é o centro do ser, onde se recolhem as graças e onde a abundância divina encontra morada. O que se recebe não é um bem externo, mas algo que se integra à própria substância daquele que dá.

4. A Lei Espiritual do Retorno

A conclusão do versículo reafirma o princípio espiritual do retorno: "Com a mesma medida com que medirdes, vos será medido novamente". Essa não é apenas uma regra moral, mas um reflexo da estrutura da realidade. O universo criado por Deus responde à intenção do coração humano: o egoísmo se fecha sobre si e definha, enquanto a generosidade se expande e gera vida.

Conclusão: O Dom Como Via para a Eternidade

Essa passagem revela que o dom não é apenas uma ação ética, mas um princípio teológico e existencial. Dar é entrar na lógica divina da superabundância, onde o amor gera mais amor, e a entrega desinteressada conduz à verdadeira plenitude. Deus não mede com a régua da contabilidade humana, mas com a medida infinita da graça. O ser humano, ao dar sem reservas, abre-se para receber não apenas o que deu, mas o próprio dom de Deus, que transborda em sua alma como vida eterna.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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