HOMILIA
A Perseverança na Verdade que Liberta
Evangelho segundo Mateus 10,17-22
Jesus alerta seus discípulos sobre as adversidades que encontrarão ao seguirem o caminho da Verdade. Não esconde as dificuldades, nem adoça a realidade. Diz-lhes que serão entregues aos tribunais, açoitados nas sinagogas e levados diante de reis e governadores. Mas também revela que, nesse enfrentamento, o Espírito falará por eles, tornando-os testemunhas de algo maior que si mesmos.
A perseguição, porém, não é apenas uma provação, mas um critério. Quem se alinha ao eixo do Bem enfrentará inevitavelmente a resistência do mundo que se recusa a se elevar. Não há crescimento sem atrito, nem iluminação sem contraste. No entanto, aquele que persevera, longe de sucumbir, torna-se ponto de convergência para a própria realização do Reino.
A palavra final não pertence ao caos, mas à ordem superior que rege todas as coisas. O sofrimento não define a jornada, mas sim a fidelidade àquilo que transcende o instante. Os laços naturais, os vínculos terrenos, podem se romper, pois a verdade não se curva à conveniência. Mas aquele que sustenta sua liberdade na essência e não no medo não será vencido.
Por isso, perseverar não é apenas resistir, mas avançar com consciência desperta, sabendo que cada provação se transforma em um passo rumo à plenitude do ser. A promessa não é de facilidades, mas de consumação. E ao fim, não será aquele que cedeu ao imediatismo que encontrará a verdadeira vida, mas aquele que se manteve firme até o último instante.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome." (Mt 6,9) – A Origem Suprema e a Consagração do Ser
A primeira invocação do Pai-Nosso contém um dos mais profundos mistérios da revelação cristã: a filiação divina e a santidade absoluta de Deus. Cada palavra expressa uma verdade essencial que estrutura toda a relação entre o ser humano e a Origem Suprema.
"Pai nosso" – A filiação como princípio de liberdade
Ao chamar Deus de "Pai", Jesus revela que nossa relação com o Absoluto não é de servidão cega, mas de participação consciente. A paternidade divina implica que não somos meros fragmentos dispersos na criação, mas seres chamados a um vínculo vivo com Aquele que é a Fonte do Ser. Essa filiação nos insere na ordem da liberdade, pois ser filho é receber a existência como dom, mas também como responsabilidade. Não é uma posse exclusiva de indivíduos ou grupos, pois o Pai é "nosso" — expressão de comunhão e não de isolamento.
"Que estás nos céus" – A transcendência que sustenta a imanência
Deus "está nos céus", não no sentido de distância espacial, mas de transcendência absoluta. O céu, nas Escrituras, representa a plenitude da realidade, onde a ordem divina se manifesta sem distorção. Ao reconhecer Deus nos céus, a consciência humana se abre para além do imediato, compreendendo que a Verdade não está limitada às contingências passageiras. No entanto, essa transcendência não o afasta de nós; pelo contrário, ao estar nos céus, Ele permanece a Origem e Destino de tudo, sustentando cada instante do ser.
"Santificado seja o teu nome" – O nome como essência e a consagração como resposta
Na tradição bíblica, o "nome" não é apenas uma designação, mas a expressão do próprio ser. Santificar o nome de Deus significa reconhecer e proclamar sua absoluta pureza, sua verdade imutável, seu caráter único e sem contaminação. Mas essa santificação não é apenas uma afirmação teórica: ela exige uma resposta existencial. O ser humano é chamado a alinhar sua liberdade com essa santidade, vivendo de modo que suas escolhas e sua consciência reflitam a ordem divina.
Conclusão – A ascensão da consciência à unidade suprema
Essa invocação inicial do Pai-Nosso não é apenas uma fórmula de oração, mas um chamado à elevação da consciência. Quem pronuncia essas palavras compreende que não caminha sozinho, mas em comunhão com todos os que reconhecem a Verdade. Também entende que sua liberdade se realiza plenamente apenas ao integrar-se à vontade do Pai, que está nos céus. E, por fim, assume que santificar o nome divino não é um ato passivo, mas um compromisso de viver em consonância com o Bem supremo, onde a plenitude do ser se cumpre.
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