quarta-feira, 9 de abril de 2025

Homilia Diária e Explicação Teológica - 11.04.2025

 


HOMILIA

Título: A Chama Invisível do Ser

No silêncio que antecede o gesto, habita o sopro da origem. O Cristo, ao afirmar sua unidade com o Pai, não busca convencer pela força da palavra, mas pela coerência entre o que é e o que faz. “Crede nas obras”, diz ele, como quem aponta para a essência encarnada na existência. Aqui, não há imposição de crença, mas um convite à contemplação da Verdade viva que se revela por seus frutos.

Cada ser humano, portador de um centro interior irredutível, é chamado a descobrir essa centelha que arde sem consumir. Não é a obediência cega que edifica o caminho, mas o reconhecimento livre da verdade que pulsa além das aparências. O Cristo não exige, propõe; não acusa, revela; não se impõe, manifesta-se.

Aqueles que O rejeitam não o fazem por falta de sinais, mas porque seus olhos ainda não se abriram ao que é visível no invisível. A liberdade autêntica começa quando a alma se inclina, não diante de um poder, mas diante de uma Presença. Essa Presença não anula, mas confirma; não submete, mas engrandece.

Quando Jesus diz: “O Pai está em mim, e eu no Pai”, ele aponta para a vocação última de todo ser — viver em comunhão sem perda da individualidade. A obra divina não se revela no ruído, mas na harmonia entre o ser e o agir. E essa harmonia é o que transforma cada passo humano num avanço irreversível em direção à Plenitude.

Crer, então, é um ato de liberdade — não como escolha entre ideias, mas como adesão da alma ao que ela reconhece como verdadeiro em sua própria luz. E neste reconhecimento silencioso, onde a obra confirma a Palavra, o ser reencontra sua origem e seu destino.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase de João 10,38 — “Mas se as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim, e eu no Pai” — contém uma densidade teológica notável. Nela se entrelaçam revelação, liberdade, conhecimento e unidade ontológica entre Cristo e o Pai. Vamos desdobrá-la passo a passo.

1. “Mas se as faço”

Jesus refere-se às obras que realiza: milagres, curas, ensinamentos, mas também os sinais espirituais que emanam de sua pessoa. Não são apenas ações externas; são manifestações visíveis da verdade invisível que o habita. Essas obras são teofanias: expressões concretas da presença do Pai na história. Elas revelam o Logos encarnado em ação.

2. “Mesmo que não queirais crer em mim”

Aqui, Jesus reconhece a liberdade interior de seus ouvintes. Ele não exige uma fé cega ou imposta. Ele reconhece que o coração humano pode resistir à pessoa do Cristo, ao seu nome, à sua origem, à sua palavra. E, no entanto, Ele não abandona esses corações: oferece-lhes outro caminho — o caminho da razão iluminada pela experiência.

3. “Crede nas obras”

Essa é a ponte entre o visível e o invisível. Jesus orienta os ouvintes a não se fecharem completamente. Mesmo que rejeitem sua identidade messiânica, podem observar os frutos, os efeitos, os sinais que apontam para algo maior. É uma pedagogia divina: Ele conduz ao conhecimento da verdade não pela força da autoridade, mas pela evidência do bem realizado.

4. “Para que conheçais e acrediteis”

A ordem aqui é crucial: primeiro conhecer, depois crer. O verbo conhecer (do grego ginóskō) implica uma experiência viva, não apenas intelectual. Jesus propõe que a fé pode nascer do encontro com o bem. Trata-se de um conhecimento que penetra o ser, que provoca transformação e, por fim, confiança. A fé não é uma negação do conhecimento, mas seu amadurecimento.

5. “Que o Pai está em mim, e eu no Pai”

Esta é a culminância da revelação: a união consubstancial entre o Pai e o Filho. Não se trata de uma cooperação moral ou de um simbolismo. Jesus revela aqui sua identidade divina. Ele não apenas representa Deus; Ele é a Presença do Pai em forma humana. E essa união não é uma fusão que anula a distinção, mas uma comunhão perfeita em amor, vontade e ação.

Síntese Teológica

Este versículo oferece uma teologia da revelação que respeita a liberdade humana e ao mesmo tempo exige uma resposta racional e espiritual. Cristo manifesta a verdade divina através das obras que, como sacramentos vivos, apontam para sua origem no Pai. Ele convida a uma fé que não se baseia apenas na autoridade da palavra, mas também na evidência do amor operante.

Essa estrutura também reflete o dinamismo da Trindade: o Pai age no Filho, o Filho manifesta o Pai, e a fé no Filho conduz à comunhão com o Pai. Assim, a obra de Cristo torna-se caminho de ascensão para o homem, onde o ato livre de crer corresponde à abertura da alma à verdade que já a toca silenciosamente.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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