sexta-feira, 11 de abril de 2025

Homilia Diária e Explicação Teológica - 13.04.2025

 


HOMILIA

O Clamor da Existência no Caminho da Plenitude

Amados buscadores do sentido eterno,

Contemplamos hoje a silenciosa grandeza de um acontecimento que não pertence apenas a uma época, mas vibra em todas as eras: a entrada do Cristo em Jerusalém. Ele vem montado não em símbolo de conquista, mas de entrega; não sobre a força, mas sobre a simplicidade viva da criatura. Este movimento não é apenas um ato histórico, mas a expressão visível da passagem do Espírito pela cidade interior de cada ser que se abre à Verdade.

Jesus não entra para dominar, mas para despertar. Cada passo seu é um convite à ascensão da consciência, à escolha livre por um Reino que não se impõe, mas se revela à medida que o ser humano responde à sua vocação mais elevada. Os discípulos, em júbilo, reconhecem os sinais — e cantam. Não cantam por obrigação, mas porque a alma que enxerga o Sagrado não pode permanecer calada.

E quando os fariseus pedem que o silêncio seja imposto, Ele responde: “Se estes se calarem, as pedras clamarão.” Há nessa resposta um eco profundo da própria estrutura do real. Toda existência — pedra, céu, vida — tende para o centro luminoso da Verdade. E mesmo aquilo que parece inerte carrega em si o impulso de proclamar a Presença. A manifestação do sentido último não depende de vozes humanas; ela é inevitável, porque está inscrita no próprio tecido da realidade.

Mas eis o mistério: o Cristo escolhe não forçar, mas chamar. E somente os que escutam por dentro compreendem. Ele não invade; Ele atravessa. Cada consciência tem diante de si o caminho: unir-se ao clamor da criação que reconhece sua origem, ou resistir, tentando calar o que jamais poderá ser calado.

O jumentinho que O carrega — virgem de qualquer uso humano — torna-se trono da liberdade divina. E cada um de nós, se se deixar conduzir por esse mesmo Espírito, poderá tornar-se portador daquilo que transforma o mundo não pelo poder, mas pela verdade que liberta e ilumina.

Sigamos, pois, neste caminho de Jerusalém interior, não como espectadores, mas como viajantes despertos. Que o nosso silêncio seja pleno de sentido, e que nossa voz, quando se erguer, não clame apenas por esperança, mas seja já manifestação dela. Porque a Voz eterna continua a atravessar as cidades da alma — e mesmo que o mundo se cale, o próprio ser gritará.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase:
"Ele respondeu: Eu vos digo que, se estes se calarem, as pedras clamarão." (Lc 19,40)
é uma das mais densas e teologicamente reveladoras do Evangelho, pois nela se entrelaçam o mistério da Revelação divina, a liberdade da criação e a urgência da Verdade.

1. A Voz que não pode ser silenciada

Jesus responde aos fariseus que pedem o silêncio dos discípulos, e sua resposta é uma afirmação de que a manifestação da verdade é inevitável. Mesmo que o ser humano, dotado de liberdade, decida reprimir a expressão da glória de Deus, a própria criação dará testemunho. Isso nos remete à ideia paulina de que “a criação geme” (cf. Rm 8,22), esperando ser libertada da corrupção — ou seja, a realidade criada participa do drama da redenção e está impregnada de uma vocação para o louvor.

2. A liturgia do cosmos

Neste versículo, Jesus declara que toda a criação é litúrgica. As “pedras”, símbolo do que é aparentemente inanimado, silencioso, frio, serão portadoras de voz. Há aqui uma afirmação profunda: tudo o que existe carrega em si a marca do Verbo, e onde há existência, há um impulso para o louvor. O universo é sacramento da presença divina, e suas criaturas, mesmo sem palavra humana, são capazes de comunicar a glória do Criador.

3. A liberdade e a responsabilidade humana

A advertência de Jesus não é apenas poética. Ela afirma que o silêncio diante do Sagrado é uma escolha com consequências cósmicas. Quando os homens se calam diante da verdade, não anulam a verdade, mas apenas transferem sua expressão ao nível mais básico e essencial: as pedras falarão. Isso revela uma responsabilidade moral: se aquele que vê e compreende se cala, trai sua vocação profética.

4. Cristo como centro da criação

A proclamação dos discípulos de que Jesus é Rei toca o coração da teologia cristocêntrica: Cristo é o eixo da criação e da história. Negar isso, ou tentar reprimir essa proclamação, é romper com a harmonia mais profunda do ser. É por isso que, se os discípulos forem silenciados, o próprio mundo se encarregará de anunciar aquilo que é eterno. O cosmos, criado por meio do Verbo, reconhece seu Senhor.

5. Teologia da manifestação e da inevitabilidade

Essa frase também nos fala da manifestação do mistério divino como algo que se impõe pela própria natureza das coisas. Há uma espécie de lógica interna no universo que leva ao reconhecimento de Deus. Tentar calar essa lógica, é ir contra o curso do ser. O clamor das pedras é, portanto, o último recurso da realidade diante da recusa humana.

Conclusão

Assim, a frase de Jesus é uma afirmação escatológica, profética e ontológica. Ela revela que o Reino está em marcha, que sua vinda é certa, e que nem a resistência humana nem o silêncio das instituições podem detê-lo. E mais: o louvor ao Cristo é tão essencial ao universo quanto o próprio existir. Se o homem, imagem consciente do Criador, recusar-se a falar, o mundo em sua matéria bruta o fará — porque tudo o que existe foi feito para reconhecer Aquele que É.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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