domingo, 6 de abril de 2025

Hoimilia Diária e Explicação Teológica - 08.04.2025

 


HOMILIA

“Quando o Filho for Elevado: A Aurora do Reconhecimento”

No silêncio do tempo, ressoa a Palavra: “Quando levantardes o Filho do Homem, então conhecereis que Eu sou.” Essa afirmação não é apenas uma predição, mas uma chave oculta para a compreensão do sentido profundo da existência. Jesus não fala de um evento isolado; Ele revela um princípio eterno: o Ser só se manifesta plenamente quando elevado — não por honra mundana, mas pelo consentimento ao sacrifício consciente.

Na cruz, Ele não é vencido, mas revela a força suprema da liberdade interior. Aquilo que parece derrota aos olhos da matéria é, na realidade, a elevação do espírito que escolhe permanecer fiel à Origem. Jesus age não por imposição, mas por plena adesão à Vontade que é fonte de toda vida verdadeira. Ele não impõe a verdade — Ele é a verdade vivida, reconhecida por aqueles que aprendem a ver com os olhos da interioridade.

O “Eu sou” de Cristo ecoa como chamado à descoberta do próprio ser: conhecer que Ele é, é também reconhecer que somos. Quando a consciência desperta para esse “Eu sou”, rompe os limites do mundo inferior e alça-se ao alto, onde não há servidão, mas união. Essa elevação, no entanto, é escolha — não há verdade imposta, apenas revelada a quem a deseja profundamente.

Assim, cada vida que decide livremente seguir o caminho do Filho elevado, reencontra o sentido do existir. Pois no reconhecimento d’Aquele que é, encontra-se a verdadeira força: não a força que domina, mas a que transforma, porque ama. A cruz, então, não é o fim — é o ponto de virada, onde o tempo se curva diante do eterno, e o homem, enfim, aprende a ser.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase de Jesus em João 8,28 — "Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que Eu sou, e que nada faço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou" — é uma das expressões mais densas e reveladoras da teologia joanina. Ela carrega em si três núcleos fundamentais: a “elevação” do Filho do homem, o reconhecimento do “Eu sou” e a total conformidade do Filho à vontade do Pai. Vamos explorá-los com profundidade.

1. “Quando levantardes o Filho do homem”

A expressão “levantar” (ὑψώσητε, do grego) possui um duplo significado na teologia joanina: refere-se ao ato físico da crucificação e, ao mesmo tempo, à exaltação espiritual. A cruz não é apenas um instrumento de suplício, mas o trono paradoxal do Filho do Homem. É na cruz que Ele é reconhecido — não por meio de milagres visíveis, mas por sua entrega absoluta, pela revelação do amor que consome a si mesmo em favor do outro. A “elevação” é também o início de um movimento ascensional da criação inteira rumo ao Pai, pois a cruz torna-se o centro do mundo redimido, o ponto onde o tempo toca o eterno.

2. “Então conhecereis que Eu sou”

Aqui, Jesus utiliza a fórmula sagrada Ego eimi — Eu sou — ecoando o nome revelado a Moisés no Êxodo: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14). No contexto do Evangelho de João, essa afirmação vai além de uma identidade pessoal. Trata-se da revelação ontológica de que Jesus é uno com o Ser, com a Fonte absoluta. O “conhecereis” está intimamente ligado a uma experiência espiritual e existencial: só ao contemplar o Crucificado, o coração humano é tocado pela verdade e pela liberdade. O reconhecimento de que “Ele é” não vem por força externa, mas por um despertar interno, pela liberdade de quem se abre à luz que vem do alto.

3. “Nada faço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou”

Aqui Jesus revela a natureza da verdadeira obediência: não uma submissão cega, mas uma comunhão viva. Ele não é um intermediário passivo, mas aquele cuja vontade está em perfeita consonância com o Pai. Ele age porque conhece, e conhece porque ama. Ao dizer que “nada faz por si mesmo”, Jesus está dizendo que sua missão é expressão pura da Vontade originária. Ele é, por isso, o modelo de toda liberdade verdadeira: agir a partir da Fonte, e não a partir do ego isolado.

Conclusão

Esta frase é um vértice da teologia da encarnação e da revelação. A cruz torna-se o lugar onde a verdade é conhecida, não por imposição, mas por reconhecimento interior. Jesus, ao ser elevado, não apenas revela sua identidade divina — Eu sou — mas também ensina que o caminho da glória passa pela livre entrega. A comunhão com o Pai se manifesta na liberdade de amar até o fim. E somente ao contemplarmos esse mistério com o coração desperto, reconhecemos n’Ele a Palavra viva, e em nós, a vocação de sermos também filhos, elevados não por mérito, mas por adesão à Verdade que nos antecede.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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