HOMILIA
A Transformação do Mundo em Cristo
Amados irmãos e irmãs, o Evangelho de Marcos 16,15-18 nos coloca diante de um convite que atravessa o tempo e o espaço: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura." Essa ordem de Cristo não é apenas um mandamento ético, mas uma convocação cósmica. Ele nos chama a participar de uma obra que vai além de nossas capacidades individuais e alcança as profundezas da criação.
Nos dias de hoje, marcados por crises ambientais, divisões sociais e um vazio existencial que assombra tantos corações, esse Evangelho nos desafia a perceber que a Boa-Nova não é apenas um remédio para as dores humanas, mas um dinamismo espiritual que permeia todo o cosmos. O chamado de Cristo não se restringe ao campo visível; ele nos incita a reconhecer que cada ser criado participa de um plano maior, onde tudo e todos são integrados no amor que é Deus.
Quando Cristo diz que "quem crer e for batizado será salvo" e que "estes sinais acompanharão os que crerem," Ele revela que a fé não é apenas uma adesão intelectual, mas uma transformação do ser. A fé verdadeira nos capacita a agir como canais de graça no mundo, expulsando as trevas da ignorância, curando as feridas do ódio e transformando os conflitos em pontes de reconciliação.
O cosmos, com sua vastidão insondável, é parte dessa missão. Cada estrela no céu, cada folha na terra, reflete o anseio do Criador por unidade e plenitude. E nós, como discípulos de Cristo, somos chamados a colaborar nesse movimento universal de redenção. Quando anunciamos o Evangelho, participamos de uma transfiguração que não apenas toca as almas humanas, mas também eleva toda a criação em direção ao seu destino final em Deus.
Hoje, com os avanços nos meios de comunicação e tecnologia, temos recursos extraordinários para cumprir esse chamado. Mas é necessário mais do que ferramentas; é preciso um coração transformado, um espírito que compreenda que a evangelização é mais do que palavras: é viver como testemunhas do amor que renova o mundo.
Seja no cuidado pelo próximo, no zelo pela criação ou na promoção da verdade e da justiça, cada ato de fé ecoa no cosmos como um sinal da presença divina. Assim, não devemos temer os desafios de nosso tempo, mas encará-los como oportunidades de revelar a glória de Deus no aqui e agora.
Que possamos ouvir, como Paulo no caminho de Damasco, o chamado que nos transforma. E que, fortalecidos pela fé, sejamos audaciosos anunciadores da Boa-Nova, levando a humanidade e toda a criação a participar da gloriosa luz que emana do Cristo Ressuscitado. Amém.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
"Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15): Uma Compreensão Teológica Profunda
A frase "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15) é o coração missionário do Evangelho, um mandamento que reflete a universalidade e a transcendência da salvação em Cristo. Essa ordem de Jesus, proferida antes de sua Ascensão, é uma síntese do propósito redentor de Deus e da vocação de seus discípulos no mundo.
1. O Mandamento Missionário: Chamado à Universalidade
A ordem de "ir por todo o mundo" rompe as barreiras geográficas, culturais e espirituais. Aqui, o "mundo" não é apenas um espaço físico, mas simboliza toda a criação caída que aguarda redenção. A missão cristã não é restrita a um povo ou nação, mas é uma oferta universal do amor de Deus. A expressão "toda criatura" reflete a intenção divina de incluir tudo e todos na restauração cósmica, conforme o desígnio revelado na plenitude dos tempos (Ef 1,10).
2. O Evangelho como Boa-Nova Universal
"Pregai o Evangelho" significa mais do que anunciar palavras. O Evangelho é a manifestação do próprio Cristo, que encarna a reconciliação entre Deus e a humanidade. É uma mensagem que transforma, liberta e santifica. A proclamação do Evangelho é, portanto, um convite ao encontro pessoal com Cristo, que é a Palavra viva (Jo 1,1). É também um chamado à conversão, para que cada ser humano participe ativamente do Reino de Deus que está entre nós (Lc 17,21).
3. A Missão e a Teologia da Criação
O mandato de pregar a "toda criatura" ecoa o início da criação, quando Deus viu que tudo era bom (Gn 1,31). Ele reflete a profundidade do plano divino, em que a salvação em Cristo não é apenas para os seres humanos, mas para toda a criação (Rm 8,19-22). O cosmos, como obra do Criador, é chamado a participar da glorificação de Deus. Assim, a missão não é apenas redentora, mas também restauradora: devolver à criação sua harmonia original no Cristo ressuscitado, que é a cabeça de todas as coisas (Cl 1,16-20).
4. O Discipulado como Participação na Missão Divina
Jesus não apenas ordena, mas compartilha sua própria missão com os discípulos. A ordem de ir e pregar implica que os seguidores de Cristo devem ser mediadores entre o céu e a terra, portadores do amor divino. Ser missionário é participar da missão trinitária: o Pai envia o Filho, e o Filho, no poder do Espírito Santo, envia os discípulos (Jo 20,21-22). Isso significa que a evangelização não é um ato meramente humano, mas uma extensão da ação divina no mundo.
5. A Dimensão Escatológica da Missão
"Pregai o Evangelho a toda criatura" aponta para a consumação do Reino de Deus. A missão cristã é um sinal visível do propósito eterno de Deus de unir todas as coisas em Cristo. Cada ato de pregação e conversão é um passo em direção à plenitude escatológica, quando Deus será tudo em todos (1Cor 15,28).
Conclusão
A frase de Marcos 16,15 não é apenas uma ordem, mas uma revelação da vontade divina: que todos participem da comunhão com Ele. Esse chamado é, ao mesmo tempo, um desafio e uma graça, pois nos convida a transcender nossas limitações e participar do dinamismo do amor divino que sustenta e transforma o cosmos.
Em um mundo fragmentado e em constante mudança, a mensagem de "ide e pregai" nos lembra que somos chamados a ser agentes de reconciliação e esperança. Ao pregar o Evangelho com palavras e ações, tornamo-nos instrumentos do plano divino, testemunhando que em Cristo tudo encontra sua origem, sustento e plenitude.
Leia também: LITURGIA DA PALAVRA
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