quarta-feira, 3 de abril de 2019

Homilia Diária - 08.04.2019

EU SOU A LUZ DO MUNDO Jo 8,12-20
HOMILIA

Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará na treva, mas terá a luz da vida. Esta aqui a chave de todo esclarecimento das palavras e da missão de Jesus. Nesta expressão de São João que, mesmo desvinculada do seu contexto mais amplo (8,12-20), desempenha uma função essencial: faz pensar. Faz pensar, antes de tudo, nos adversários imediatos que, logo em seguida, tentam neutralizá-la, mas também põe na balança a nossa fé: Você sabe de onde veio e para onde vai? Você já encontrou sentido para a sua vida? Você faz diferença entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo? Você tem em si a Luz de Jesus? O que você distingue nos acontecimentos da sua vida como sendo vindo da luz que é Cristo?
Jesus ao dizer Eu sou..., quer mostrar a todos nós a importância decisiva da sua pessoa para o mundo inteiro. É bom lembrar que o lugar onde Jesus pronuncia solenemente esta auto-afirmação é a sala do Tesouro do Templo (8,20). Lá, durante as Festas, eram acesos os grandes candelabros, cuja luz chegava a iluminar toda a cidade de Jerusalém.
Esse ambiente, densamente repleto de ressonâncias messiânicas, é o lugar em que Jesus se declara luz do mundo. O motivo da luz, de acordo com as profecias messiânicas, indica felicidade, libertação, alegria: "Levanta, resplandece porque a tua luz vem vindo, a glória de Javé brilha sobre ti" (Is 60,1).
Por trás da afirmação de Jesus, podemos ver os textos proféticos que se referem ao Servo de Deus constituído para ser a luz das nações (Is 49,6:) Pouca coisa é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e reconduzires os sobreviventes de Israel. Também te estabeleci como luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue até as extremidades da terra; cfr. Is 42,6).
Esses textos que exprimem a missão do servo nos convidam a percorrer o caminho de um novo êxodo que liberta da treva e da opressão. Por isso eles ajudam a compreender que também a missão de Jesus não se reduz ao povo de Israel, mas está totalmente aberta para o mundo das nações.
Por esse motivo, Jesus convida a percorrer o mesmo caminho e acrescenta, logo em seguida, uma expressão não menos significativa do que a primeira: Quem me segue não andará na treva, mas terá a luz da vida. A dimensão universal da "luz" tem sua incidência concreta na experiência humana, também universal (a expressão quem me segue é singular, mas indica totalidade), revelando a necessidade de uma decisão pessoal.
Está em jogo o sentido da história: quem acolhe a luz encontra efetivamente o caminho da vida, e o caminho certo é aquele do "seguimento". Vale lembrar que seja a "luz" seja a "treva" possuem dimensões universais (cfr 1,5) bem como muitos outros contrastes do evangelho de João (vida-morte, verdade-mentira, espírito-carne, etc.).
No entanto, esses contrastes não são fruto da fantasia, mas surgem da experiência humana, porque é lá que é preciso decidir se enveredar pelo caminho da luz, do projeto de Deus e da vida, ou se percorrer o caminho dos projetos humanos auto-referenciais. Não há outra escolha senão entre dois caminhos: auto-suficiência humana e gratuidade divina.
Para o evangelista, todo ser humano realiza suas escolhas dentro do horizonte da história humana, assim como Jesus se manifesta como "luz do mundo" em sua própria humanidade. De fato, é muito significativo observar que o símbolo da luz ocorre só nos primeiros 12 capítulos e é quase sempre aplicado a Jesus em sua realidade histórica.
Portanto, ainda hoje, numa história repleta de ambigüidades, a decisão do "seguimento" não só obtém a luz da vida, mas revela ao mesmo tempo uma formidável dose de otimismo: a luz e a treva continuam se opondo como outrora, mas a Luz, no fim das contas, acaba resplandecendo gratuitamente para todos. Isso faz pensar e muito!
Jesus é a Luz que veio ao mundo para nos tirar das trevas. A luz revela, clareia, mostra e esclarece. A treva é a ignorância, a confusão, a desesperança e o desamor. Com Jesus nós temos a Luz da vida e o entendimento para todos os fatos que nos acontecem enquanto aqui vivermos. A partir desta realidade nós então encontraremos sentido para o nosso viver. Se tivermos uma experiência com Jesus, nós também, como Ele, iremos perceber de onde viemos e para onde vamos. Encontraremos razão para a nossa existência, porque deixaremos de viver segundo a carne, mas guiados pelo Espírito Santo e o nosso testemunho também será válido.
O próprio Jesus é quem nos confidencia: Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Conhecer a Jesus é, portanto, a condição imprescindível para que possamos sair das trevas e ter a Luz da vida. Deus Pai é quem nos dá testemunho da Luz de Jesus, através das Suas obras em nós e por nosso intermédio. O Pai está onde Jesus se encontra e vice-versa, por isso, não precisamos perguntar onde encontrá-Los, mas entrar em comunhão com Eles, conduzidos pelo Seu Amor que é o Espírito Santo. Aí então, sairemos da ignorância, da confusão, da desesperança e do desamor para entrarmos no reino dos céus. Que Deus nos dê esta graça de vermos o caminho afim de lá chegarmos.
Espírito de luz, não me deixes caminhar nas trevas, e sim, na luz que dá vida - Jesus.

Fonte PADRE BANTU MENDONÇA KATCHIPWI SAYLA


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